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Quem Matou Sara?: 2ª Temporada traz psique mais sombria e a continuação da série da Netflix foi confirmada
Para quem estava se perguntando: a 3ª temporada de Quem Matou Sara? (Who Killed Sara?) foi confirmada. A informação que aparece ao final da 2ª temporada na Netflix é prova de que a série mexicana conquistou o público internacional. Criada pelo escritor e roteirista chileno José Ignacio Valenzuela e com roteiro também assinado por Rosario Valenzuela, o intervalo de estreia das duas temporadas foi relativamente curto: dois meses.
Produzida pelo estúdio do México, Perro Azul, a 2ª temporada de Quem Matou Sara? foi dirigida pelos mexicanos David Ruiz e Bernardo de la Rosa e tem um ritmo um pouco diferente da primeira temporada que se recupera nos episódios finais. O modo que termina o último episódio da segunda temporada seria também interessante se não fosse renovada, mas certamente abriu espaço para novas narrativas e descobertas.
Desde o primeiro episódio da 1ª temporada de Quem Matou Sara? o telespectador acompanha um acidente envolvendo a jovem no barco da família Lazcano. Enquanto nesse início, guiado por um narrador não confiável, Sara (Ximena Lamadrid) dá uma impressão de vítima inocente e ninguém sabe ao certo apontar se foi por alguma falha ou intencional, a segunda temporada mergulha mais no passado da adolescente por meio de suas memórias e registros, bem como de outros personagens que a conheceram.
Se a primeira temporada tem um ritmo mais ágil e eletrizante, a segunda é mais densa e se aprofunda na mente e na personalidade dos personagens. O que dá para perceber é que há uma conexão bizarra entre os personagens e também nos faz refletir até que ponto a genética, a criação e os traumas são determinantes para a formação dos indivíduos e seus destinos.
Com a participação de novos personagens, enquanto Alex (Manolo Cardona) tenta montar o quebra-cabeça de sua irmã, ele também precisa lidar com o magnetismo tóxico com a família Lazcano, repleta de relacionamentos polarizados de amor e ódio e outros mais confusos. As personalidades e os comportamentos vão desde desejos reprimidos a desejos à flor da pele, até instintos violentos, mórbidos e vingativos cujos propósitos se mostram cada vez mais confusos conforme as revelações são feitas.
A série explora um lado das patologias mentais, mas perde a chance de abordar outro: o da psicopatia. Com o desenrolar da série, as atitudes do presente e do passado de alguns personagens revelam que seus desvios podem ser muito mais problemáticos do que questões morais e éticas, mas beiram à falta de remorso; enquanto outros, entraram em um jogo de vingança achando que tinham todas cartas nas mãos, para descobrir que sabiam menos do que imaginavam.
O trabalho dos atores da série é tão bom que é difícil para o telespectador não sentir repulsa pelas ações dos personagens e empatia por aqueles que são vítimas de injustiças. Famílias disfuncionais, traições, memórias reprimidas, esquemas criminosos, assassinatos… Quem Matou Sara? mistura vários elementos que servem como um espelho de um submundo nem sempre conhecido pela população e que, vez ou outra, ganha holofotes midiáticos.
Embora não seja o foco principal da série, a produção também aborda os desejos e os conflitos de um personagem gay que cresceu em um lar sem aceitação, revelando sua paixão da adolescência e outros dilemas de seu casamento com um advogado que tem como sonho se tornar pai. A homofobia e o preconceito da família que se posa como tradicional e conservadora, só expõem o lado mais hipócrita e desumano de quem vomita seus preconceitos, mas faz vista grossa para problemas muito piores, como a violência sexual, corrupção, tráfico de drogas e violência contra a mulher.
Se na primeira temporada, havia uma ânsia de descobrir quem matou a Sara, na segunda, a pergunta muda para ‘Por Que Matou Sara?’. A percepção do telespectador sobre a personagem muda bastante com a exposição de seus comportamentos, bem como levanta outras discussões sobre ética médica, saúde mental e a combinação explosiva entre transtornos e consumo de substâncias que afetam a tomada de decisões.
Além de aprofundar as investigações de Alex, outros podres da família Lazcano vêm à tona. Embora era criança na época em que grande parte dos problemas desenrolou, Elisa (Carolina Miranda) está cansada de ficar em dúvida sobre o papel de seus pais e irmãos sobre o possível envolvimento na morte de Sara.
Dentre as várias atuações fantásticas, destaco aqui três: Chema (Eugenio Siller), César Lazcano (Ginés García Millán) e Mariana (Claudia Ramírez). É claro que o roteiro e aprofundamento dos personagens dá mais profundidade para suas personalidades problemáticas, mas os atores conseguiram torná-los tão próximos de pessoas reais que suas ações dentro da série romperam com a barreira da ficção e geram indignação sobre seus envolvimentos com problemas sociais.
Será que a 3ª temporada de Quem Matou Sara? vai conseguir manter o fôlego? Essa é uma pergunta que muitos telespectadores fazem, mesmo quando desejam por mais temporadas de suas séries favoritas. Resta esperar a estreia na Netflix para descobrir.
Ainda não foi anunciada a data de estreia da terceira temporada. Entre elogios e críticas, uma coisa não dá para negar, Who Killed Sara? tá sendo assistida e discutida por pessoas do mundo todo e mostrando a força das produções audiovisuais da América Latina.
*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.
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