Pular para o conteúdo principal

Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Jair Bolsonaro: Escândalos e Investigações jogaram o presidente no Olho do Furacão da Imprensa e do Impeachment

Desde as eleições para presidente, a imagem de Jair Bolsonaro já não era boa no cenário internacional. Com os resultados das investigações da CPI da Covid, posturas inadequadas na pandemia, inúmeros pedidos de impeachment e manifestações pedindo sua saída do poder, seja dentro do Brasil ou em outros países, os escândalos envolvendo seu governo se tornaram focos frequentes da imprensa.

Alguns dos apoiadores de Bolsonaro tentam alegar que os jornalistas abordam os erros do presidente, como se fosse meramente uma questão pessoal. Será que sofreram uma amnésia coletiva e passaram a ignorar que todos governos são discutidos pela mídia? Ou não se lembram que a mesma imprensa que têm trazido à tona questões como os casos da Rachadinha e escândalos de corrupção, também cumpriram seu papel de noticiar crimes cometidos por outras gestões?  

Há quem veja até mesmo que não há uma simetria devido à gravidade das posturas de Jair Bolsonaro. Com mais de 120 pedidos de impeachment, número bem mais elevado do que de outros ex-presidentes do Brasil, os comentários que circulam pelas redes sociais é de que a Dilma caiu por muito menos. Os pesquisadores Pedro dos Santos e Farida Jalalzai e autores do livro Women's Empowerment and Disempowerment in Brazil: The Rise and Fall of President Dilma Rousseff chegaram a ressaltar que além do elemento político, houve um tom misógino no processo e inúmeros ataques que a ex-presidenta sofreu no Brasil.

Segundo informações da Agência Pública, em pouco mais de dois anos, Bolsonaro recebeu 126 pedidos de impeachment. Enquanto os últimos ex-presidentes, receberam respectivamente: 

Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) → 24 pedidos

Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) → 37 pedidos

Dilma Rousseff (2011-2016) → 68 pedidos

Michel Temer (2016-2018) → 31 pedidos

É interessante observar, por exemplo, que nos últimos anos, os brasileiros estão mais ligados ao impeachment. Porém, não necessariamente significa que o processo foi banalizado. Milhares de brasileiros se perguntam se Bolsonaro fosse mulher ou se Dilma Rousseff tivesse cometido os mesmos crimes de responsabilidade do que ele, se ainda estaria no poder.

A quantidade de casos que o governo Bolsonaro e o Ministério da Saúde se envolveram tem deixado tontos até mesmo os jornalistas, quem dirá quem não está acostumado com tantas informações. O que torna mais antiético e imoral foi tudo isso ter acontecido em plena pandemia – não que não atrairia atenção da imprensa se tivesse acontecido em período anterior.

A corrupção não é um problema exclusivo do governo Bolsonaro. O Brasil e a América Latina têm um histórico manchado por desvios de recursos públicos. Com três casos de contratos irregulares de vacina contra Covid-19 descobertos até o momento: Covaxin, AstraZeneca e Convidencia, a CPI da Pandemia tem alimentado e sendo retroalimentada pelas informações que foram divulgadas por jornais e nas mídias sociais. Além disso, diferente de outras CPIs, esta ganhou atenção especial do público que tenta colaborar e encontrar dados na internet, mostrando a relevância da comissão para esse momento do Brasil.

As duas últimas sessões da CPI da Pandemia escandalizaram o Brasil. Em uma delas, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti confessou ter recebido proposta de propina. Pelo envolvimento em contratos irregulares, o celular dele passou por perícia e as informações estão sendo divulgadas aos poucos na mídia, já que o sigilo foi retirado. 

Sua participação na CPI fez com que muitos achassem erradamente que ele foi lá só para distrair a atenção sobre as denúncias relacionadas ao governo Bolsonaro, porém, seja pela reportagem da Folha de São Paulo que foi divulgada antes dele ser convocado, que trazia informações tão preocupantes, que fizeram muita gente questionar se a jornalista se enganou na apuração ou pelas trocas de mensagens, tudo indica que embora algumas informações tenham sido alteradas em seu depoimento, que ele realmente fez parte de processos irregulares com o Ministério da Saúde.

Já nesta terça-feira, 06 de julho de 2021, a servidora Regina Célia Silva Oliveira prestou depoimento à CPI da Pandemia e também chocou os senadores, os jornalistas e quem acompanhava a transmissão da sessão. Embora seu cargo seja de fiscal de contratos no Ministério da Saúde, ela deu sinal verde para um contrato da Covaxin cheio de irregularidades, que só foi impedido graças à denúncia do servidor público Luis Ricardo Miranda.

Regina Célia tentou se esquivar da responsabilidade. No entanto, tanto os senadores, como quem acompanha os desdobramentos da CPI da Pandemia, ficaram horrorizados por ela não ter apontado as irregularidades do contrato da vacina para os superiores. No depoimento dos irmãos Luis Miranda, eles disseram que contaram para o próprio presidente Jair Bolsonaro e como ele não desmentiu, está sendo investigado por prevaricação – por não ter denunciado à polícia federal.

Uma das senadoras que se destacou na sessão foi Simone Tebet. Ela levou um dos contratos que estava repleto de irregularidades, mostrando os erros de tradução e argumentando que talvez para se esquivar da responsabilidade, alguém do governo criou um contrato fraudulento. Para ela, não há dúvidas de que alguém cometeu prevaricação, basta saber quem. Já o senador Fabiano Contarato lembrou que independente do cargo, como servidora pública, ela tinha o dever de denunciar o contrato irregular.

Com tantas informações levantadas pela CPI da Pandemia e outras descobertas pela própria imprensa, os casos das vacinas não vão sair do holofote tão cedo. Pelo contrário, quanto mais se investiga, mais aumenta a fome da população brasileira por justiça e a noção de que os envolvidos precisam ser responsabilizados.

Mesmo com tantas evidências, depoimentos e provas que o próprio governo se incriminou em eventos públicos ou nas mídias sociais, apoiadores de Bolsonaro tentam plantar a ideia de que se tratam de meras narrativas, tentando desmerecer a gravidade do que aconteceu.

Bolsonaro errou de mil maneiras. Tentar se espelhar em Donald Trump foi uma delas. Enquanto isso, nos Estados Unidos, Joe Biden tem conquistado o coração dos norte-americanos ao mostrar os impactos da imunização em massa. Além disso, diferente de Bolsonaro que tentou desacreditar as vacinas e fez pouco caso delas, Joe Biden tem usado a imprensa e as mídias sociais a seu favor.

O presidente dos Estados Unidos tinha uma meta ambiciosa de vacinar 70% da população americana adulta até o dia 4 de julho. Embora Joe Biden não tenha conseguindo, ele permanece esperançoso e melhor ainda, proativo. Ele poderia muito bem fazer como outros políticos e jogar a responsabilidade para outros, mas Biden usa sua figura de autoridade de uma maneira que Bolsonaro nem poderia sonhar, que vê sua popularidade derreter dia após dia, batendo recorde de rejeição.

“Nós precisamos ir de comunidade em comunidade, bairro em bairro, e, com frequência, de porta em porta, literalmente batendo nas portas. Por favor, vacine-se agora. Funciona, é grátis, nunca foi tão fácil […] Nunca foi tão importante. Faça agora por você mesmo e pelas pessoas de quem você gosta; por sua vizinhança, por seu país. Parece piegas, mas é uma coisa patriótica de se fazer” – Joe Biden

A diferença de postura entre Joe Biden e Jair Bolsonaro mostra que o patriotismo é algo que vai além de discussões vazias de esquerda ou direita. Mesmo sendo um político de extrema-direita, o ex-primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu teve uma postura mais ativa na vacinação contra Covid-19 do que Bolsonaro, por exemplo, revelando que o presidente do Brasil não só errou, como permaneceu no erro.

Com as variantes do Covid-19, como a Delta, a pressão para aceleração da vacinação no Brasil e os erros cometidos pelo governo Bolsonaro vão ficar em mais evidência ainda. Embora na última semana houve uma queda de mortes pelo vírus e de internações, o país já conta com mais de 527 mil mortes e se continuar nesse ritmo, logo o Brasil deve ultrapassar os Estados Unidos, que até o momento conta com 606 mil mortes por Covid-19.

Dizem que errar é humano, mas permanecer no erro é burrice. Seja por meio de pesquisas ou da percepção de profissionais da área de saúde, percebe-se que as ações e as omissões de Bolsonaro custaram milhares de vidas. Além das vacinas, nos últimos tempos, tudo o que centenas de milhares de brasileiros querem é o Impeachment.

Leia também: Prometo Pausar: Campanha da ONU incentiva o combate à desinformação e compartilhamento responsável 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

Comentários

Mais lidas da semana