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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Impeachment: Milhares de brasileiros protestaram nas ruas contra Jair Bolsonaro e sua gestão na pandemia

O que levou milhares de pessoas a ruas de inúmeras cidades do Brasil e do mundo neste dia 03 de julho de 2021? O pedido do impeachment do Bolsonaro e o protesto contra as mais de 520 mil mortes por Covid-19 no Brasil estão entre os principais motivos. Descrito como um presidente que governa para si mesmo e sua família, o governo de Jair Bolsonaro está envolvido em vários escândalos relacionados à pandemia.

Atrás apenas dos Estados Unidos em número de mortes, que perdeu mais de 600 mil pessoas para o Covid-19, o Brasil e a Índia (400 mil mortes) estão entre os países em que mais pessoas morreram por conta do vírus.

O incômodo dos brasileiros só aumenta dia após dia. Enquanto nos Estados Unidos, embora Donald Trump tenha ajudado a espalhar o negacionismo sobre o Covid-19 por meio de declarações cheias de informações falsas, algo que Bolsonaro também faz, ele ao menos teve consciência de pedir aos que votaram nele para se vacinar. 

Cínico, como Bolsonaro, Trump tenta se clamar como o pai da vacina, mas foi um dos mais responsáveis por espalhar fake news sobre a pandemia nas redes sociais, o que só acabou contribuindo para aumentar a quantidade de pessoas que já tinham hesitação em cumprir as medidas sociais, tomar vacina e reforçou a rejeição da imunização pelo movimento antivacina.

Assim que Trump perdeu as eleições e Joe Biden se tornou presidente dos Estados Unidos, a situação da pandemia começou a mudar gradualmente, especialmente com a vacinação contra Covid-19, pela postura mais alinhada às organizações científicas, posicionamentos mais inteligentes sobre o vírus e pelo constante reforço de pedidos da necessidade dos estadunidenses se vacinarem feitos por Biden em rede pública e nas mídias sociais.

Muita gente poderia alegar que um presidente não é responsável pelos danos causados pela pandemia. Mas além dos discursos terem efeito sobre como as pessoas vão agir, a falta de comunicação eficiente sobre a pandemia e as necessidades de cuidados, bem como os discursos contraditórios e negacionistas fazem com que parte da população do Brasil não perceba a importância do autocuidado e do cuidado coletivo.

As posturas de Bolsonaro já estavam causando indignação coletiva não só de brasileiros, mas também da comunidade internacional, pois há um medo de que novas variantes possam surgir e atrapalhar os esforços da vacinação e fazer o vírus continuar se espalhando de viajantes do Brasil para outros países.

Se nos protestos anteriores de pedidos de impeachment do Bolsonaro na pandemia as discussões eram sobre os tratamentos sem comprovação científica contra a Covid-19 incentivados por ele, como a Cloroquina e Ivermectina, e sua inflexibilidade cognitiva de mudar de posturas perigosas, como não adoção do uso de máscaras e eventos com aglomeração reunindo seus apoiadores, as manifestações do dia 03 de julho de 2021 ganharam mais combustível e a rejeição crescente que antes mais visível em determinados grupos, agora está se popularizando, rompendo barreiras ideológicas e partidárias.

Seja nas ruas ou na internet, diferentes manifestações revelam que pelo menos um dos mais de 120 pedidos de impeachment contra Bolsonaro já deveriam ter sido considerados. No dia 30 de junho de 2021, representantes de vários partidos políticos e movimentos sociais entregaram um superpedido de impeachment contra Bolsonaro, também servindo como motivação para as pessoas mostrarem que há um interesse público sublimando as diferenças ideológicas. 

Reviravoltas recentes, como as que foram reveladas na CPI da Pandemia, mostram indícios de corrupção em contratos irregulares de vacinas contra Covid-19, interesses financeiros no uso de tratamentos sem comprovação científica e o próprio presidente Bolsonaro será investigado por prevaricação – não ter notificado a autoridades sobre suposto esquema ilegal no contrato da Covaxin.

No dia 29 de maio e 19 de junho de 2021, milhares de brasileiros foram às ruas do Brasil e em outras cidades pelo mundo. O que ficou bem evidente neste dia 03 de julho foi a maior adesão às manifestações, seja pelo sentimento de revolta e de luto pelos que se foram e poderiam ter vivido mais, caso o país não tivesse atrasado na assinatura dos contratos de vacinas, seja porque mesmo com os riscos do vírus, a vacinação está avançando no país e muitos que não se sentiam tão seguros, estão menos desconfortáveis nas ruas.

Em uma das fotos espalhadas pela internet, uma mulher segurando um cartaz chama a atenção: “Bolsonaro: Meu marido fez seu tratamento precoce quando precisava de vacina e agora está morto!”. Já em outra foto, uma idosa sentada em um banco e atrás dela um cartaz: “Não era negacionismo e sim corrupção”. Caso Bolsonaro seja considerado culpado, fica difícil determinar onde começa e termina a linha entre as crenças negacionistas e os interesses corruptos: nada exclui que seja uma mistura das duas coisas.

Pessoas de diferentes partidos e movimentos sociais foram às ruas, bem como de diferentes grupos identitários. Há também mais presença de bandeiras do Brasil, que antes eram evitadas porque associavam ao Bolsonaro e diferentes grupos estão tentando ressignificá-la. Ainda sobre as manifestações, há quem não se sinta seguro nas ruas e se manifeste só pela internet, não pode participar por estar trabalhando e pessoas de diferentes partidos que apoiam o impeachment, porém ainda evitam seja por causa do vírus ou porque querem mobilizar suas próprias manifestações.

Mesmo com o álcool, máscaras, mais pessoas vacinadas e até mesmo campanhas de distribuição de máscaras, não há dúvidas de que há riscos de protestar na pandemia. Perguntas inevitáveis surgem: até quando o brasileiro terá que esperar pelo impeachment? Qual é o limite que consideram aceitável de mortes por Covid-19? Quantos serão responsabilizados por tantos erros cometidos e tantas vidas que poderiam ter sido salvas?

Há muitas perguntas e poucas respostas. Conforme as investigações da CPI da Pandemia avançam num ritmo mais lento do que o momento pede, toda semana mais indícios de omissões e envolvimentos em esquemas surgem, desgastando ainda mais a imagem de Bolsonaro. 

Uma coisa é certa: ao fazer pouco caso da vacina e se posicionar contra medidas restritivas, o governo Bolsonaro não só deixou suas digitais nas centenas de milhares de mortes, como também é responsável pelos problemas econômicos, como das empresas que fecharam e poderiam ter voltado a funcionar antes se o país tivesse adotado estratégias inteligentes, aumento dos problemas sociais, como a fome e o desemprego e, principalmente, duas questões precisarão de olhares especiais: os tratamentos das sequelas com o risco de sobrecarregar o sistema público de saúde e a assistência social que muitas famílias podem precisar após perder provedores e suporte financeiro. 

Conforme os países reabrem e menos restrições são impostas devido ao avanço da imunização, fica cada vez mais claro que ao defender a imunidade de rebanho sem vacinação, contrariando diferentes governos de outros países, o Brasil de Bolsonaro apostou suas cartas na ignorância e na indústria da morte.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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