Pular para o conteúdo principal

Destaques

Dez Minutos

“Dez minutos da sua atenção”, era tudo o que ele pedia, sem imaginar o quanto o dia tinha sido horrível, sem imaginar que a qualquer momento poderia chorar. Dez minutos que poderiam mudar sua maneira de enxergar as coisas. Dez minutos para perceber que ele estava certo, que quando alguém queria te ver, a pessoa dava um jeito. Dez minutos para se reencontrarem após dois meses sem se verem. Foi andando encolhido até ele. Com vergonha de como estava uma bagunça naqueles dias. Com receio de suas intenções e de como reagiria a tudo aquilo. Dezembro havia sido um mês longo sem terapia e os dias após a virada do ano também não tinham sido os melhores.  “Como era bom ser normal e poder fazer as coisas, sem ser visto como um sintoma”, pensou. Surpresas poderiam gerar mais ansiedade, tudo o que estava evitando naquele momento, mas se colocou no lugar do outro e mesmo com todos seus instintos dizendo não, cedeu ao inesperado pedido de visita. Era uma noite quente e por alguns minutos, quase t...

Impeachment de Bolsonaro: Curso de Jornalismo da PUC-SP lançou campanha Pergunte Ao Lira

O impeachment de Bolsonaro ganha cada vez mais apoio popular, seja nas ruas, na internet ou nos diferentes partidos políticos e associações. Com mais de 120 pedidos de impeachment, após a morte por Covid-19 do professor e jornalista André Russo, alunos e professores do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo lançaram a campanha “Pergunte Ao Lira”.

Mestre em Comunicação, doutorando, o jornalista, publicitário e professor universitário André Naveiro Russo morreu no dia 20 de junho de 2021. Além de dar aula na PUC-SP, ele trabalhava na Rádio Capital de São Paulo. 

A proposta da campanha é levar outros colegas jornalistas a perguntarem para o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o que ainda falta para a abertura dos processamentos de impeachment de Jair Bolsonaro.

Em entrevista à TV Cultura, um dos professores por trás da campanha, Cristiano Burmester disse que um dos objetivos da campanha é perguntar ao Arthur Lira quantos pedidos de impeachment do Bolsonaro ele vai precisar receber até se sensibilizar com o que está acontecendo no Brasil.


“Espalhe o pedido insistente. O movimento é uma reação à morte do professor André Russo e dos demais 504 mil brasileiros e brasileiras vitimados por uma doença evitável. Até quando esta gestão seguirá pisando em nosso país?– tuítou o curso de Jornalismo da PUC-SP

A campanha foi lançada no dia 20 de junho de 2021, no período em que o Brasil atingiu a marca de 500 mil mortos. Segundo os organizadores, “O deputado Arthur Lira tem o dever constitucional de responder pelo adiamento do início do processo que pode livrar o país da mais nefasta administração já registrada e, assim, impedir a morte de outras centenas de milhares de brasileiros e brasileiras”.

A nota divulgada pela equipe também pediu apoio da sociedade civil organizada e de todos que não aguentam mais assistir à escalada de morte, ódio e descaso no Brasil, lembrando que o número de mortes é maior do que de 8 genocídios registrados no mundo até hoje. A campanha convida as pessoas a usarem a hashtag #pergunteaolira nas redes sociais.

“Até quantas mortes o deputado Lira vai esperar para atender o clamor de uma nação?”

Diante do episódio em que o presidente Jair Bolsonaro atacou a repórter Laurene Santos da TV Vanguarda, afiliada da Globo, em Guaratinguetá (SP), o curso de Jornalismo da PUC-SP se posicionou no Twitter: “Formamos jornalistas para desempenhar uma profissão fundamental para a democracia, com ética e excelência. Não preparamos os profissionais que o país precisa para que sejam postos em risco ou agredidos. Esperamos, sim, que eles incomodem o poder, principalmente o autoritário”.

A pressão pelo impeachment tem aumentado nos últimos dias, seja pelo número crescente de mortes que poderia ter sido evitado se o país tivesse seguido recomendações sanitárias e comprado as vacinas quando foram ofertadas, seja pelas descobertas da CPI da Pandemia e as posturas negacionistas de Bolsonaro e políticos aliados que geram aglomerações, não usam máscaras e se posicionam contra restrições sociais e lockdown.

Além das posturas inadequadas na pandemia, Bolsonaro também foi recordista em espalhar informações falsas na pandemia, junto com seus seguidores espalhando fake news nas diversas redes sociais e aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram.

Mesmo diante de tantas omissões no atraso da vacinação, ações intencionais contrárias às orientações sanitárias e demais atitudes incoerentes cometidas pela gestão de Bolsonaro na pandemia, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira deu entrevistas dizendo que não vê condições políticas para abertura de um processo impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro e não deseja criar instabilidade política para o país.

No dia 30 de junho deve ser protocolado um pedido coletivo de impeachment (superpedido de impeachment), reunindo vários partidos, movimentos sociais e pessoas físicas. Embora não se foque somente nos possíveis crimes cometidos na pandemia, o pedido também vai levantar motivos desde que ele foi eleito. Segundo Gleisi Hoffmann, 23 crimes cometidos por Bolsonaro foram descritos. A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia está entre as associações que estão apoiando o impeachment.

No dia 23 de junho de 2021, ex-alunos da Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) apoiaram manifesto pelo impeachment do Bolsonaro. O documento também recebeu apoio de profissionais de outras áreas e políticos.

Com as investigações sobre possibilidade de prevaricação de Bolsonaro no caso do contrato irregular da Covaxin, políticos opositores estão esperançosos de que haja maior apoio para o impeachment, já que pode vir a ser considerado um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil.

Após as revelações dos irmãos Miranda à CPI da Pandemia sobre o caso Covaxin, movimentos sociais anteciparam manifestações pedindo o impeachment do Bolsonaro para o dia 03 de julho de 2021. Nas redes sociais, muitos brasileiros começaram a usar a hashtag #AceitaLira.

Leia também: 

CPI da Pandemia: Irmãos Miranda, contrato irregular da vacina indiana e suspeita de prevaricação de Jair Bolsonaro 

CPI da Pandemia: Osmar Terra serviu mais uma dose perigosa de negacionismo científico 






*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

Comentários

Mais lidas da semana