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Dennis Nilsen: Documentário da Netflix explora fitas e entrevistas sobre o caso do serial killer
Três anos após a morte do serial killer Dennis Nilsen, a Netflix lançou o documentário Memories of a Murderer: The Nilsen Tapes, que traz entrevistas com os envolvidos no caso, trechos das fitas de áudio autobiográficas gravadas pelo assassino, imagens e um pouco de como foi a cobertura da imprensa na época.
O caso de Dennis Nilsen tem algumas peculiaridades, mas, por outro lado, acaba se tornando banal: ele não foi nem será o último assassino em série que caça vítimas levando em conta o contexto social delas – como nem sempre a família, amigos e conhecidos irão procurá-las após seus desaparecimentos e mortes.
Preso em 1983, em Londres, e condenado à prisão perpétua, o que impressionou os policiais na época foi que Dennis Nilsen confessou seus crimes. Com as descobertas do caso, o trabalho sensacionalista da imprensa e que na época trazia preconceitos, como a homofobia, acabaram atrapalhando a descoberta de vítimas, que temiam as repercussões tanto por causa da sexualidade que ainda era tratada como tabu e por ele ter atacado garotos de programa (não necessariamente homossexuais), como pelos jornais terem descrito de forma generalizada as vítimas.
Se criminosos comuns mentem, por que há quem seja ingênuo para acreditar em cada palavra dita por um serial killer? Tanto os sobreviventes quanto os envolvidos nas investigações e julgamento declararam que Nilsen não era louco e sabia muito bem o que estava fazendo. Embora suas confissões tenham sido úteis, já que pelo perfil das vítimas e dificuldade de identificação das partes do corpo, talvez muitos dos casos não teriam sido solucionados, Dennis Nilsen parece se divertir ao criar sua própria narrativa, sabendo do efeito que um livro autobiográfico e suas ideias repercutiriam na imprensa.
Uma das entrevistas interessantes que traz o documentário é com a mãe dele, na época em que Dennis foi preso. Ela o descreveu como tímido e um ex-colega de trabalho o descreveu como impopular, mas Nilsen parecia ter uma visão diferente de si mesmo: quase como se ele tivesse transformado em um personagem dele mesmo, um gênio incompreendido.
Sem sombras de dúvidas, a visão dele e como o caso se desenrolou trazem críticas sobre a sociedade que não podem ser ignoradas. Também é ingênuo acreditar que as coisas mudaram completamente: muitas vítimas ainda têm receio de irem à polícia e não serem levadas a sério por causa de homofobia.
Já sobre se utilizar de fragilidades sociais (como pessoas que escondem seus trabalhos na prostituição e/ou escondem a sexualidade por causa da família e acabam se mudando para outra cidade), o problema ainda persiste e, pior ainda, se antes, o assassino caçava suas vítimas, uma a uma em bares, com as mídias sociais e aplicativos de encontro, só posso imaginar quantas tragédias aconteceriam.
Pela relação entre violência e sexualidade, os relatos de Nilsen podem ser interessantes para quem estuda a mente humana e criminologia, porém, com cautela, visto que mesmo o jornalista que recebeu uma carta e os registros do próprio Nilsen consegue perceber que o assassino parece ter criado uma persona e ainda que seu passado traumático fosse real, além de não poder justificar os assassinatos, não seria possível comprovar – e como bom manipulador, ele poderia tentar manipular a opinião pública.
Diante da quantidade de vítimas e de partes de corpos encontrados, não resta dúvidas de que os crimes eram premeditados. A situação só acabou vindo à tona quando uma parte foi encontrada no bueiro pela falta de espaço para esconder mais corpos onde morava. O fato dele já ter trabalhado como policial também o ajudou a ficar fora do radar e com o trabalho em uma agência de empregos na época, ele passava um verniz de normalidade.
Enquanto esteve preso e refletia sobre a própria vida, Nilsen parece ter criado uma explicação sobre sua obsessão com a morte e a objetificação de suas vítimas. Embora criticasse a imprensa e o fato de ter sido chamado de monstro, o assassino tentou criar uma versão romantizada e mitológica, sabendo que muitos o conheceriam.
O documentário não aprofunda as questões criminológicas e psicológicas, de forma que não dá para saber até que ponto as experiências dele moldaram sua personalidade e sua mente: ainda que fossem discutidas, quando se tratam de pessoas capazes de tamanha crueldade e manipulação, sempre ficam dúvidas no ar.
Em uma dinâmica de presa e predador, Dennis Nilsen só parou de matar porque seus crimes foram descobertos. Caso contrário, dificilmente conseguiria controlar seu instinto assassino. Mesmo tentando se pintar como uma vítima da sociedade – seu histórico trágico se confirmado não pode ser ignorado e faz parte da biografia de vários serial killers –, diante de tanta frieza e falta de remorso, mesmo desejando ser ilustre como Hannibal Lecter, a quem ele admirava, ele foi mais um assassino em série que desejava a fama, mas deveria cair no esquecimento.
Veja também:
Criminoso mentiroso patológico, falso serial killer é tema de minissérie documental da Netflix
8 Curiosidades do livro Lady Killers: Assassinas em Série (Tori Telfer)
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