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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Night Stalker: Série documental aborda Investigação, prisão e julgamento do serial killer sádico, Richard Ramirez

Night Stalker: The Hunt for a Serial Killer (Night Stalker: Tortura e Terror) é uma minissérie documental de quatro episódios sobre o serial killer norte-americano Richard Ramirez, condenado por mais de 40 crimes cometidos nos Estados Unidos. A série foi dirigida por James Carroll e Tiller Russell e foi distribuída pela Netflix, a partir de janeiro de 2021.

É preciso estômago e paciência para assistir Night Stalker. Como a série é contada de forma linear, desde a descoberta dos primeiros casos criminais e identificação de uma relação entre eles, chega a ser agoniante acompanhar o desenrolar e se livrar da sensação de que o criminoso não será capturado e ficará impune.

Bem produzida, a minissérie não aborda o caso com sensacionalismo; pelo contrário, revela como o próprio assassino ficava empolgado com a ideia e como a curiosidade misturada ao excesso de exposição e atenção, fez com que algumas pessoas o desejassem, mesmo com todos horrores cometidos.

A meu ver, essa visão sóbria dos diretores sobre o caso de Richard Ramirez faz muita diferença. Os próprios policiais que o investigaram e entrevistaram revelam que o serial killer estudava e se inspirava em outros relatos de assassinos em série – se antigamente, muitos sabiam da midiatização de suas histórias, nos dias atuais, é preciso mais cuidado ainda ao abordar e não oferecer justamente o que muitos deles buscavam. 

É claro que o desenvolvimento desses assassinos é muito mais complexo do que a mera sedução pela fama, observação e/ou possibilidade de buscar referências, mas me incomoda saber que cada vez mais casos surgem e suas histórias são contadas em diferentes mídias, alimentando essas fantasias de grandeza ou como descreve o próprio Richard Ramirez, de que estão acima do bem e do mal.

Com mais ênfase nos policiais e nas histórias das vítimas e seus familiares, a série aborda de forma breve sobre o passado de Richard Ramirez. A gênese de vários assassinos em série tem algumas semelhanças, como uma infância traumática. Algumas pessoas sentiram falta desse aprofundamento nas motivações de cada um dos crimes e relação com sua história de vida, no entanto, diferente dos assassinos em série organizados, com inteligência acima da média e capazes de esconder melhor seus crimes, Richard era bem desorganizado e tinha inúmeros comportamentos autodestrutivos.

Ataques violentos, assaltos, estupros e mortes, entre os anos de 1984 e 1985, os crimes cometidos por Richard Ramirez aterrorizaram Los Angeles. Como alguns assassinos em série tem fantasias específicas, parece que de forma geral as pessoas esperam uma explicação para cada ato, porém Richard se declarava satanista e alegava matar em nome de Satanás e sentia prazer em cometer crimes e suas perversões, sem se preocupar tanto com seus rastros deixados nas cenas dos crimes.

Algumas coisas são deixadas de fora da série documental, como a possível hospedagem do assassino no Cecil Hotel – a qual parece mais uma jogada de marketing sombrio. O serial killer serviu de inspiração para o personagem em American Horror Story: 1984, interpretado pelo Zach Villa e uma rápida aparição em American Horror Story: Hotel, interpretado por Anthony Ruivivar (lembrando que pelo histórico mórbido, o Hotel Cortez tem algumas semelhanças com o Cecil Hotel).

Se os três primeiros episódios têm um desenrolar mais lento, a adrenalina e as emoções ficam para o último episódio, em que Richard Ramirez finalmente é identificado, capturado e julgado – é possível que ele tenha cometido mais crimes não investigados e até mesmo cometido crimes sexuais de pedofilia. Como acontece em muitos casos de crimes reais, é discutido como o papel da mídia poderia atrapalhar as investigações. Com a divulgação da imagem do suspeito, a população ficou em alerta e uma comunidade de latinos foi fundamental para a prisão de Ramirez.

Não dá para entender o fascínio que muitas pessoas tiveram pelo assassino nem discernir se ele realmente era satanista e usava isso como uma motivação, ou se pelo imaginário popular da época e o medo que as pessoas tinham, ele usou como uma forma de disseminar o terror. Na época, aparecer na televisão seria o equivalente à viralizar na internet nos dias atuais e como acontece com muitos criminosos e serial killers, Richard Ramirez não só recebia várias cartas de admiradores e fotos íntimas, como mesmo dentro da prisão, ele se casou com Doreen Lioy. Ingenuidade, fama, carência, transtorno? Como entender alguém simplesmente ignorar todos crimes brutais cometidos por outra pessoa?

Em vídeo divulgado pela própria Netflix, um dos diretores da minissérie, Tiller Russell comenta que houve preocupação em abordar a história, mas sem ver o assassino pela ótica de celebridade – na minha opinião, foi um diferencial totalmente interessante, já que o sensacionalismo poderia torná-lo mais popular. Ele próprio descreve Richard Ramirez como um ‘pedaço de lixo’ e aborda o quão errado seria glorificá-lo e que não sabe compreender de quais formas a mídia e a cultura contribuem para a celebrização dos assassinos em série e fascínio por histórias de crime. Além de humanizar as vítimas, sem explorar a dor, Tiller Russell também falou que a história foi aterrorizadora para policiais e jornalistas. 

A série Night Stalker foi nominada para a premiação MTV Movie & TV Awards 2021 na categoria Melhor Mistério da Vida Real ou Série Criminal. O evento está previsto para os dias 16 e 17 de maio de 2021.

Algumas indicações de leitura relacionadas ao universo dos assassinos em série:

8 Curiosidades do livro Lady Killers: Assassinas em Série (Tori Telfer) 

Livro sobre psicopatas traz relatos de especialista em diagnósticos 

Livro da Ilana Casoy explora casos de serial killers brasileiros 

Livro de escritora brasileira reúne histórias de serial killers que chocaram o mundo 

Resenha: Legião – William Peter Blatty  

Livro sobre assassinos, serial killers e psicopatas que caçaram vítimas na internet 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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