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Destaques

Para onde vão todas coisas que não dissemos?

Para onde vão todas coisas que não dissemos? Essa é uma pergunta que muitas pessoas se fazem. Algumas ficam presas dentro de nós. Outras conseguimos elaborar em um espaço seguro, como a terapia. Mas ignorar as coisas, muitas vezes pode ser pior. Fingir que as emoções não existem ou que as coisas que não aconteceram não faz elas desaparecerem. Quando um relacionamento chega ao fim, pouco importa quem se afastou de quem primeiro. Mas há quem se prende na ideia de que se afastou antes – em uma tentativa de controlar a narrativa, como se isso importasse. O fim significa que algo não estava funcionando e foi se desgastando ao longo do tempo. Nenhum fim acontece por mero acaso. Às vezes, quando somos levados ao limite, existem relações que não têm salvação – todos limites já foram cruzados e não há razão para impor limites, somente aceitar que o ciclo chegou ao fim. Isto não significa que você guarde algum rancor ou deseje mal para a pessoa, significa que você decidiu por sua saúde mental em...

Teorias do Jornalismo: Teoria Organizacional

Hierarquização
A Teoria Organizacional teve origem na administração e na psicologia, adaptada para o jornalismo somente em 1995, pelo sociólogo norte-americano Warren-Breed. Segundo a administração, a Teoria Organizacional surgiu com a mudança de valores dentro das empresas e comunicação organizacional, formação de bons líderes e a aplicação da psicologia organizacional. Esta teoria de modelo funcionalista pode ser observada no jornalismo dentro das redações, onde as notícias são produzidas. O jornalismo é um mercado e as notícias são seus produtos, por tanto é necessária a organização das empresas, situação evidente no livro de Cremilda Medina, ‘Notícia: um produto à venda’. “As notícias são como são porque as empresas e organizações jornalísticas assim as determinam”. A Teoria Organizacional tem uma visão mercadológica: quanto mais organizado o processo jornalístico, mais lucrativo.

Dentro das empresas jornalísticas pode-se observar comumente a seguinte hierarquização, no caso dos jornais impressos: Proprietário, Diretor-Executivo ou Diretor Administrativo, Diretor Comercial, Diretor de circulação, Diretor de Jornalismo ou de Redação, Editor-Chefe, Editores, Editor de Fotografia, Chefe de Reportagem, Repórteres, Redatores, Revisores, Diagramadores, Ilustradores, Fotógrafos, Correspondentes e Secretário de Redação. A hierarquização das empresas jornalísticas acontece também nos outros meios de comunicação, de forma a organizar, como o próprio nome da teoria diz.

Existem dois tipos níveis que influenciam na produção de notícias de acordo esta teoria: ao nível organizacional com fatores como o desejo do lucro, a escolha de fontes, o acontecimento, a competição entre editores e editorias, recursos humanos e materiais, a hierarquia, organização e burocracia interna e interação com as fontes interferem na produção da matéria; Ao nível extra-organizacional as notícias sofrem influência sobre fatores como audiência e mercado, a relação estabelecida entre jornalista e fonte assim como a preferência aos canais de rotina.

De forma sociológica, é possível refletir que o jornalista torna-se um membro da redação, portanto, dependente das influências políticas do meio editorial e empresarial do veículo de comunicação. De acordo com o jornalista Heitor Costa Lima da Rocha, seis fatores são apontados pela Teoria Organizacional como relevantes na promoção do conformismo do jornalista com a política editorial da organização: (1) a autoridade institucional e as sanções; (2) os sentimentos de obrigações e de estima para com os superiores; (3) as aspirações de mobilidade; (4) a ausência de grupos de lealdade em conflito; (5) o prazer da atividade; (6) as notícias como valores.

Como as autoridades podem influenciar o fazer jornalístico? Basta saber que o jornalista está sempre respondendo a algum superior hierárquico e ao próprio dono da empresa. Se ele não seguir as orientações editoriais pode sofrer sanções, além de perder o próprio emprego, devido à falta de regulação da área por algum órgão, como os conselhos profissionais, não há muito o quê se fazer pelo jornalista.

O sensacionalismo está vinculado ao aumento do interesse da população pelo assunto, que envolve a produção de sensações nos receptores das informações e conseqüente aumento do número de vendas. O sensacionalismo e o imediatismo criticados pela Nova História são praticados na Teoria Organizacional, devido à competição entre diferentes empresas de comunicação, visando maior destaque, maior lucro, o furo jornalístico e maior quantidade de informações. Acaba perdendo-se a qualidade da informação segundo critérios jornalísticos e pensando nos critérios mercadológicos.

Pensando pelo lado de vista de que a competição entre empresas jornalísticas gera a publicação de notícias com enfoques diferentes e por meio da investigação de diferentes fontes, a Teoria Organizacional pode ser positiva para o jornalismo. Todavia, a competição extrapola os níveis jornalísticos e acaba tornando-se pessoal entre os profissionais da área. Influenciados por estas competições, o jornalismo novamente é afetado pela subjetividade. A Teoria Organizacional dá importância para a cultura organizacional, e não para a cultura profissional.

Um conflito bastante claro entre diferentes empresas jornalísticas acontece no meio televisivo entre a Rede Globo e a Rede Record. A divulgação de informações, ora verdadeiras, ora especulativas e até mesmo, agressivas, está presente nas duas emissoras televisivas brasileiras. Além da competição jornalística, influenciados pela hierarquia e pela própria identidade como uma equipe, os jornalistas acabam se colocando em situações constrangedoras. Por meio dessa concorrência entre empresas, os jornalistas podem inclusive publicar informações superficiais, sem o devido apuramento, o que relacionaria esta teoria com a Teoria da Nova História.

Acredito que mesmo existindo diferenças e proximidades entre as Teorias da Nova História e Organizacional é importante que se entenda cada uma das teorias jornalísticas. O modelo reprodutivo é evidente na Organizacional, modelo este criticado na Nova História, que acredita que o jornalista deve ir além da reprodução das notícias, entender e refletir os seus contextos e pré-formações dos acontecimentos. Conhecer as duas teorias e estudá-las é melhor do que conhecer somente uma das duas. O que uma teoria tem de incompleta, uma outra teoria pode vir para complementar, mas acredito que nenhuma das teorias é completa o suficiente para explicar o jornalismo, já que as notícias e suas origens são mais complexas do que são tratadas em nosso cotidiano e na prática jornalística.

Não podemos desconsiderar a importância da organização das redações jornalísticas. Assemelhando-se às indústrias, as redações estão divididas em diferentes cargos e funções, mas a preocupação permanece na facilidade de reprodução de informações, que se mal apuradas podem causar uma série de prejuízos a sociedade. É preciso deixar de lado a competição pelo furo jornalístico, e começar a se preocupar mais com a qualidade das informações.

Deixo a seguinte reflexão aos leitores: é melhor ter a notícia em primeira mão e mal apurada, por causa da ineficiência dos jornais e jornalistas, que estão preocupados com a quantidade de informações oferecidas e competição ou ter uma notícia que levou mais tempo para chegar até o receptor, mas que possa ser confiada, pois sabe que a mesma foi apurada, de forma a garantir que esteja o mais próximo possível da verdade?

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