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Resenha: Tempo de Cura – Monja Coen

O livro Tempo de Cura , da autora Monja Coen , está repleto de reflexões e foi escrito no período da Pandemia de Covid-19, no período em que o Brasil e o resto do mundo estava lidando com questões como o isolamento social e o uso de máscaras respiratórias, bem como com pessoas que se negavam a seguir as orientações de saúde pública. O livro foi publicado pela editora Academia , em 2021. Compre o livro: https://amzn.to/3PiBtFO Em um período difícil, no qual as pessoas tiveram que lidar com a solidão, doenças e mortes, o livro escrito pela Monja Coen serviu como bálsamo para acalmar os corações e mentes – e pode ser lido até nos dias atuais, pois nunca estamos completamente imunes a passar por uma próxima pandemia e a doença permanece causando impactos para a saúde da população.  Compartilhando suas primeiras experiências com o zen e a meditação, Monja Coen é certeira em falar sobre a importância da paz e da cura e da preocupação com o bem-estar coletivo, dando como exemplo as orientaçõe

A importância do autor saber quem é o público-alvo dos seus livros

Para quem você está escrevendo o seu livro? Um livro de fantasia juvenil não vai ser recebido da mesma forma por um leitor adulto, assim como um livro de terror não terá o mesmo efeito em adolescentes. É importante que o autor tenha em mente tanto no momento do planejamento e da escrita, até na hora da edição e do marketing. Escrita traz intenção, propósito. Qual o efeito que você quer causar no seu leitor?


Se você escreve comédias românticas, por exemplo, e seu livro acaba cruzando o caminho de um leitor que não gosta da temática, por que se decepcionar? Ou por que se deixar afetar por outro autor que nem mesmo gosta de livros com histórias assim e vai te cutucar? É algo bem simples de lembrar quando não estamos envolvidos no processo, mas quando acontece, muitas vezes nos sentimos mal. Independente de o leitor ter afinidade ou não com determinadas temáticas e/ou gêneros, o escritor precisa ter certa dose de desapego uma vez que o seu livro é solto pelo mundo. Sabe quando pais colocam um milhão de expectativas em cima dos filhos e eles acabam se tornando completamente diferentes do que eles esperavam? Pois é… Uma vez que um livro é publicado ele deixa de ser só do autor e da editora, mas também se transforma parte de quem cruza o seu caminho e cada construção é pessoal. Cada leitor vai ter uma percepção diferente da sua história. Alguns vão amar, outros vão odiar e muitos vão ficar indiferentes. Assim como acontecem com livros clássicos e contemporâneos, filmes e seriados, não existe unanimidade. As referências que alguém pode gostar podem passar completamente despercebidas pelo outro. Ter essa consciência não só garante que você continue produzindo, sem deixar a vida te despedaçar todas as vezes que algum comentário negativo cruzar o seu caminho, bem como traz à tona a lembrança de que nada é perfeito.

Tenho uma leitora que amou Escrita Maldita e não gostou de O Círculo, por exemplo. Mas eu não fiquei decepcionado? Não. Apesar de ter escrito os dois livros, as histórias são voltadas para públicos completamente diferentes. Enquanto o primeiro é um romance de terror psicológico e sobrenatural com muitas referências e uma dose de metalinguagem, o segundo é um livro de fantasia urbana com temática de bruxaria voltado para um público adolescente e linguagem mais simples. As abordagens são completamente diferentes, o desenvolvimento da trama, as plataformas escolhidas, as referências intertextuais… É importante que o autor também leve em conta a facilidade do público de entrar em contato com a obra: o livro de terror está disponível na Amazon em formato de eBook, enquanto o de fantasia está no Wattpad. É muito mais difícil vender eBooks para adolescentes do que para adultos. Muitos precisam pedir o cartão de crédito e/ou débito emprestado para os pais, enquanto no Wattpad os leitores podem usar o computador ou celular para ler histórias gratuitas. O gênero também faz toda diferença. A própria equipe do Wattpad divulga informações sobre os comportamentos dos usuários e o autor pode fazer teste: histórias com mais capítulos costumam ter alcance e interação bem maiores do que contos. Meu primeiro texto publicado na plataforma foi o conto Pesadelos de Catarina, publicado em dezembro de 2014 e conta com 590 leituras, enquanto o livro de fantasia O Círculo, que começou a ser publicado em janeiro de 2016, até o momento conta com 52 mil leituras.

A relação do autor com o público-alvo faz muita diferença, assim como todo planejamento e ação de marketing são direcionados. Nada impede que alguém que não seja idealmente o seu público leitor goste da sua história, mas você precisa saber para quem suas palavras estão voltadas. É algo que não só autores independentes precisam ter em mente, mas autores tradicionais também. Aliás, quando você envia o seu original para uma editora ou um book proposal para um agente literário, além de apontar quais são os diferenciais do seu livro e sinopse, entre as informações pedidas estão o público-alvo e por que você acredita que o original é publicável. É algo que trava muitos autores, por isso é tão importante ficar por dentro dos lançamentos, catálogos de diferentes editoras, visitar livrarias físicas e online, ter familiaridade com as temáticas e gêneros que você deseja escrever.

Para quem publica na internet, o Wattpad e o Blogger (Google Analytics), por exemplo, acabam funcionando como uma ótima forma de testar se está atingindo o público certo. Na maior plataforma de livros online você consegue analisar qual é a faixa etária do leitor (13 a 18 anos; 18 a 25 anos; 25 a 35 anos; 35 a 45 anos; acima de 45 anos e privado), o gênero e em qual país vive o leitor (seria bem interessante se o Wattpad explorasse mais esses dados locais, ajudaria bastante na hora de um autor selecionar uma cidade para realizar o lançamento de um livro, por exemplo). Para quem publica capítulos de livros em blogs ou tem blogs literários e usa o Google Analytics, as informações são mais aprofundadas: você consegue descobrir de quais países, estados e cidades são seus leitores, definir qual a porcentagem de novos usuários e de usuários recorrentes, a duração média da sessão, a taxa de rejeição (quanto maior essa taxa, menos tempo o leitor ficou em seu site), quais são os dispositivos usados para leitura (computador, celulares ou tablets), de que forma eles chegaram até o seu blog (pesquisa no Google, de forma direta, através de redes sociais, e-mails ou indicações de outros sites) – acaba sendo uma ótima maneira de saber se as suas atividades de promoção na internet estão dando o resultado esperado.

Ainda no terreno da publicação online gratuita, neste ano, o Medium lançou a função Series para divulgação de histórias gráficas, abrindo mais uma opção para quem escreve ficção. Toda vez que a história é atualizada, os seguidores são notificados, como acontece no Wattpad, possibilitando ao autor divulgar histórias de ficção ou não ficção com vários capítulos e uso de imagens. A plataforma de estatísticas do Medium não é tão detalhada, mostrando somente a quantidade de visualizações, leituras, recomendações e fontes de tráfego. A cada ano que passa, as opções de disponibilização de livros e textos na internet só aumenta. Cabe ao autor selecionar quais se encaixam melhor nos seus objetivos. Uma estratégia que tem sido bastante utilizada pelos autores internacionais é a de disponibilização de um livro inteiramente grátis, como forma de o leitor conhecer o estilo do autor e chamar a atenção para que ele continue lendo os outros livros, sejam da mesma série ou mesma temática. Em troca de disponibilizar para leitura gratuita, geralmente o autor utiliza alguma estratégia de inbound marketing, como a captação do e-mail para newsletter, para divulgar as novidades para quem baixou o ebook e interagir.

Não importa se você tem livros impressos ou livros digitais, saber qual é o público faz toda diferença na hora de saber como e onde disponibilizar para venda, se vão ter marcadores de página e brindes, bem como adequação de linguagem na comunicação com o público, peças de divulgação, formatos midiáticos (vídeo, áudio, imagem, GIF, memes) e canais midiáticos (mídias sociais, jornal, revista, televisão, blogs, e-mail). É preciso saber onde o seu leitor está e como abordá-lo. Sua postura como autor também vai influenciar bastante como seus leitores vão reagir. Se você escreve para o público jovem, por exemplo, e fica criticando o tempo inteiro os jovens autores de plataformas de livros online como o Wattpad, você corre o risco de perder seus leitores, principalmente se entre eles estiverem escritores amadores ou jovens que desejam se tornar escritores profissionais.

Lembrando que a plataforma foi criada com o propósito de compartilhar a paixão por contar histórias e os escritores profissionais usam ela emprestada, como uma forma de conquistar novos leitores e interagir, mas que em nenhum momento a proposta de sua criação foi a de abrir espaço para fazer chacota com os textos dos outros, dos erros de português e por aí vai – vai até contra a política do Wattpad que incentiva o acolhimento e orientação e reprova o bullying. Quando você percebe que no final das contas, muitas vezes, são adultos zombando de adolescentes, você se dá conta de como o ego pode ser prejudicial para um autor. Existem inúmeras formas de abordagens, é mais fácil estender a mão para quem precisa de ajuda, do que fazê-lo sentir vergonha de escrever. Todo mundo começa de algum lugar e toda jornada é cheia de erros e aprendizados. Se sentir melhor só porque você está em uma fase diferente pode ser algo bem ilusório. É interessante observar que, muitas vezes, os próprios leitores nas comunidades defendem seus autores de comentários grosseiros, como "só livro lixo faz sucesso" – palavras que não só ofendem e subestimam o poder de escolha do leitor, como podem afastá-lo de você. Afinal, escritores amadores não precisa escrever como se fossem profissionais, por exemplo, e ser antipático com o seu público-alvo não vai te ajudar de nenhuma forma com leituras.

Ter uma clara visão de quem é o público-alvo passa por todas as etapas de um livro: planejamento (esboço, manuscrito, construção de personagens, diálogo, adequação da linguagem, original), produção (revisão, edição, projeto gráfico), publicação, distribuição, marketing e divulgação. Cada livro é um recomeço. Mesmo quando a temática é a mesma, às vezes, o público pode ser bem diferente. Quanto mais informações o autor tiver, mais fácil é alinhar o projeto com o propósito. Para quem publica por editora, agiliza e potencializa o trabalho e os resultados. Para quem é autor independente, é lição de casa para sobrevivência diante de uma infinidade de livros. Independente do público para o qual você escreve, o respeito é primordial, especialmente quando se tratam de leitores infanto-juvenis e jovens adultos, passando por fases de turbulências emocionais. Ninguém é perfeito e todo mundo erra, a marca que você deixa no leitor faz toda diferença.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e do livro de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1), disponível no Wattpad.

Comentários

  1. Respostas
    1. Olá, Vitor Hugo.
      Fico feliz que tenha gostado do texto e em ter ajudado de alguma forma.
      Abraço

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    2. Gostei muito! Trouxe muita informação que irão me auxiliar bastante. Estou finalizando um livro de contos de terror e esse texto me tirou muitas dúvidas! Muito obrigado!

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  2. Gostei muito de seu texto. Estou preparando um portfolio e tenho muitas duvidas quanto ao público. Mas seu texto me deu um norte. Gratidão e sucesso.

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