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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Livro da Ilana Casoy explora casos de serial killers brasileiros

Existem cenas de livros de ficção que não são tão fáceis de escrever quando se tratam de cenas que exploram diferentes tipos de violência, mas os personagens têm suas motivações e o escritor precisa dar vida a essas histórias. Porém, quando se trata da vida real, imagino que a sensação seja bem mais agoniante. Em seu livro Serial Killers: Made in Brazil, a escritora Ilana Casoy se propôs a tarefa corajosa de contar sete casos de assassinos em série brasileiros. A obra foi republicada pela editora DarkSide Books, em 2014, e pode ser complementar à leitura do livro Serial Killers: Louco ou Cruel?, também escrito pela autora.


Ilana Casoy fez um excelente trabalho ao reunir essas histórias, resultado de cinco anos de pesquisas, visitas a manicômios, penitenciárias e arquivos públicos, além de ter entrevistado alguns deles ao vivo. Se para o leitor, a experiência não é das mais agradáveis, sendo capaz de provocar um mal-estar e nos fazendo questionar quais são os limites da maldade humana (ou no caso, desumana), a própria escritora relata em alguns trechos do livro o quanto foi difícil ter que lidar cara a cara com assassinos que não só foram responsáveis por diferentes atos cruéis, como o estrangulamento e abusos sexuais, bem como a realização de fantasias, como beber sangue de suas vítimas ou guardar um troféu (uma lembrança dos crimes cometidos). Segundo a autora, além da falta de arrependimento, alguns deles sentiam prazer em contar suas histórias, especialmente quando percebia que isso abalava o emocional de quem estava ouvindo.

É impossível ler os dois livros dos Arquivos Serial Killers da Ilana Casoy sem ser perturbado de alguma forma. Toda obra tem o seu papel. A intenção da autora foi a de levar informação para o público e também acaba servindo como um material de estudo para quem deseja conhecer sobre o universo dos assassinos em série, seja porque está relacionado à área de estudo, profissional ou por curiosidade. Leitura recomendada para escritores de thrillers e suspense, que precisam de uma base mais sólida sobre os serial killers e quer escrever uma narrativa verossímil, já que esses assassinos compartilham algumas características sobre seus passados.

“No Brasil, a polícia tem muita dificuldade em aceitar a possibilidade de um serial killer estar em ação. Certo preconceito permeia as investigações de crimes em série. Isso já aconteceu inúmeras vezes no passado, com consequências nefastas. Em outros países, com uma análise acurada do motivo ou da falta dele, do risco-vítima e risco-assassino, modus operandi, assinatura do crime e a reconstrução da sequência de atos cometidos pelo criminoso, os serial killers são caçados antes que cometam tantos crimes” – Ilana Casoy, Serial Killers: Made in Brazil

O que leva alguém a se tornar um serial killer? Essa pergunta pode ser assombradora para muitas pessoas. Não existem respostas fáceis. A psicóloga clínica e forense Maria Adelaide de F. Caires escreveu na apresentação do livro que muitos desses assassinos têm em comum uma infância negligenciada, foram vítimas de violência sexual, física e psicológica precoces e alguns não tiveram um agente disciplinador. Apesar das semelhanças de históricos infantis de serial killers nacionais e internacionais, cada caso também tem suas peculiaridades. Por exemplo, é um erro acreditar que todo serial killer não tenha consciência do que estava fazendo na hora do crime. Pelo contrário, muitos sentem compulsões tão fortes que não conseguem se controlar e continuam repetindo conforme esses desejos vão surgindo.


Ilana Casoy nos lembra que está tudo bem a polícia civil brasileira não conhecer os diferentes métodos de investigação e reconhecimento de serial killers e que seria ideal se fosse obrigatório o trabalho integrado com profissionais forenses, como psiquiatras e psicólogos, profilers e médicos-legistas, já que não é um problema exclusivo de países em que existem mais ocorrências e também acontecem aqui no Brasil. Pelos casos trazidos no livro, fica bem evidente essa importância, levando em conta que esses assassinos em série são muito perigosos.

“A importância das entrevistas com criminosos é inegável. Conhecer suas histórias, o contexto de sua criação, sua crença, seus pensamentos. Tentar desvendar o caminho que a violência faz dentro do ser humano” – Ilana Casoy, Serial Killers: Made in Brazil

Além das investigações, a escritora também levanta a questão da legislação do país. Esses assassinos deveriam ficar separados dos outros criminosos, por exemplo, já que eles não se importam com as regras e podem se tornar catalisadores de problemas. Pessoas que assassinam pessoas e não demonstram nenhum arrependimento, também não estão ligando para as punições. Um dos casos citados no livro exemplifica bem isso, o do Pedrinho Matador, um homem responsável pelo assassinato de mais de 100 vítimas, entre eles criminosos, mesmo quando estava dentro da prisão.

A realidade do Brasil também mostra algumas diferenças em relação aos serial killers de fora do país. Embora quase todo assassino em série tenha como ponto em comum uma infância ferrada, por aqui, fica bem claro o papel da economia na vida dessas pessoas. O caso do Vampiro de Niterói, por exemplo, relata a história de um garoto com uma infância bem infeliz, que ainda criança passava muito tempo na rua e começou a ganhar dinheiro se prostituindo. Conforme ele foi ficando mais velho, ele acabou se tornando responsável pelo assassinato de 13 crianças: além de violentá-los sexualmente, Marcelo Costa de Andrade também bebia o sangue de algumas delas. Ele não acreditava em vampiros, simplesmente sentia prazer quando fazia isso, além de colecionar as bermudas de suas vítimas. Bebia para “ficar tão bonito e puro quanto elas”.

“Pressionado, Jack, Maluco, Barão ou Vampiro, como era chamado, confessou os outros crimes e levou a polícia até os locais onde se encontravam os restos mortais de suas vítimas. Evangélico à sua moda, justificava seus crimes por intermédio da religião, dizendo que crianças mortas de forma violenta “ganhariam o reino dos céus” e que, segundo as palavras de seu pastor, as que morriam antes dos 13 anos iriam diretamente para o céu. Na mente doentia do Vampiro, ele estava fazendo um favor para aquelas que matara” – Ilana Casoy, Serial Killers: Made in Brazil

Serial Killers: Made in Brazil é uma leitura que nos leva a uma série de reflexões e nos dá vários socos no estômago e na alma – o que talvez não seja tão ruim assim, pois é o que nos diferencia de quem comete tantos crimes brutais e não dá a mínima. A escritora Ilana Casoy nos faz perceber que existem várias questões que devem ser mais discutidas, tanto sobre investigações e julgamentos, como sobre o papel da família na formação do ser humano e como alguns acontecimentos na infância podem ser devastadores para algumas pessoas. A violência acaba provocando mais violência e os resultados são preocupantes. Vítimas acabam se transformando em monstros que fazem de tudo para satisfazer sua sede de sangue e, em alguns casos, de sexo. Um livro que abre os olhos para a maldade e nos lembra que, muitas vezes, o perigo está mais próximo do que imaginamos.

Você também pode gostar do livro Serial Killers: Louco ou Cruel?, da escritora Ilana Casoy. Assista ao vídeo:



Sobre a autora – Ilana Casoy é criminóloga e pesquisadora na área de violência e criminalidade. Graduada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e especializada em Criminologia pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Tem treinamento em Investigação e Perícia Forense em casos de homicídio pelo U.S. Police Instructor Teams. Atualmente, é Membro Consultivo da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB SP. Colaborou com o site do canal Investigação Discovery e dedica-se também à ficção. A especialista em crimes participou de um conselho para explicar o perfil criminal no personagem principal da série Dexter, que se tornou uma das mais cultuadas dos últimos anos. Ilana Casoy atuou como consultora da série escrita por Gloria Perez e dirigida por Mauro Mendonça Filho, Dupla Identidade, na Rede Globo. Consultora de séries e documentários para TV e cinema, dedica-se a uma pesquisa rigorosa para investigar assassinos em série, colaborando em casos reais com Polícia, Perícia, Ministério Público e Advogados de Defesa. Autora dos Arquivos Serial Killers - Louco ou Cruel? e Made in Brazil, pela DarkSide Books. Também é autora do livro Casos de Família: Arquivos Richthofen e Arquivos Nardoni. Para conhecer mais sobre o trabalho da escritora Ilana Casoy, visite o seu site oficial: http://serialkiller.com.br/

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e do livro de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1), disponível no Wattpad.

Conheça também: Social Killers: Amigos Virtuais, Assassinos Reais

Comentários

  1. Deve ser muito interessante, eu gosto muito do tema. Lembro-me quando estreou Dupla Identidade, da autora do livro falar num documentário sobre a série. Aqui em Portugal, acontece o mesmo que aí no Brasil, não existe uma polícia especializada em Serial Killer, por causa dos poucos casos, o mais famoso é o do Estripador nos anos 90, que matava prostitutas na Serra do Monsanto. Vou pesquisar sobre a venda do livro para Portugal, obrigado pela dica :)

    Bitaites de um Madeirense

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    Respostas
    1. Oi, Paulo! Acredito que você pode tentar comprar pela Amazon. A dúvida que fica é a de que será que realmente são poucos casos ou será que são poucos que são descobertos, solucionados e também divulgados na mídia, né? Aqui, por exemplo, no site da autora dá para conferir outros casos de serial killers brasileiros que estão em investigação e a contagem de vítimas.
      Abraços

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  2. Passei muito mal ao ler este livro ,sempre assisti filmes e nu cá tive nada mas este livro me assombrou pois não é aceitável que uma pessoa possa ser tao cruel ,infelizmente desde o dia que li estou em tratamento médico ,com antidepressivos .

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