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Destaques

Olympo: Série espanhola da Netflix sobre jovens atletas e doping

A série espanhola Olympo foi lançada recentemente pela Netflix e os fãs já estão se questionando se terá segunda temporada. Até o momento, nenhuma informação foi confirmada pela Netflix, mas o final da primeira temporada dá a entender que terá continuação. Seguindo um estilo parecido com o de Elite , série espanhola que fez sucesso na Netflix e teve 8 temporadas, resta saber se Olympo fará sucesso para sua renovação. A série espanhola chegou a ficar em primeiro lugar entre os mais assistidos em alguns países, de conteúdos que não sejam de língua inglesa. Uma escola voltada para atletas que têm um nível de alto desempenho. Enquanto os jovens lidam com seus treinamentos e eventos, eles também lidam com seus dilemas e questões de identidade. Um personagem que mais chamou a atenção do público telespectador foi o Roque (Agustín Della Corte) , o melhor jogador de rugby do time que é gay e quase teve suas conquistas desmerecidas por um episódio de homofobia. Para quem se lembra das cenas que...

Leitura Beta: Expectativas sobre o manuscrito do novo livro do escritor Roberto Muniz Dias

Esta semana recebi o manuscrito do novo romance do escritor Roberto Muniz Dias, cujos títulos provisórios são “O branco se suja pelo esforço” ou “Os feios sábios aos belos bobos”. O material é uma cópia do moleskine escrito por ele durante sua viagem para Bruxelas, Paris e Londres.


O que é mais bacana nesta leitura beta do manuscrito do Roberto é a oportunidade, não só de ler em primeira mão o texto do seu possível novo livro, como a experiência de acompanhar o processo de criação literária de outro escritor, principalmente quando você admira suas narrativas. Ler um livro publicado, após uma série de processos, como reescrita, revisão e edição, certamente não é a mesma coisa do que ter acesso ao material cru.

Para quem gostou de Nikov, personagem presente no livro Adeus a Aleto (leia a resenha publicada no blog!), do escritor Roberto M. D., o novo material traz o russo de volta à vida.


“Houve o resgate do Nikov, como elemento condutor da história: uma obsessão, do personagem deste livro, por recriar um protótipo de perfeição, como se ele mesmo usa no livro, o seu Frankstein”, afirma Roberto. 

Minha leitura será, literalmente, do manuscrito. Antes mesmo de me aventurar pelas páginas do texto, tenho a certeza de que será uma aula prazerosa. Para nós, escritores, uma das melhores maneiras de se aprender a arte da ficção é por meio da leitura atenta de clássicos e contemporâneos, de acordo com seus gêneros, temáticas e estilos. Porém, ter contato com a primeira versão de um original (antes de sua publicação) de outro autor, esta será a minha primeira vez.

Por que fui escolhido pelo Roberto como leitor beta? Uma das respostas talvez seja a minha admiração pelo seu trabalho. Outra é a confiança. Afinal, não é qualquer escritor que deixa outro ler o seu manuscrito, seja pela autocrítica, pelo medo de ser plagiado (dificilmente alguém registra a primeira versão do original) ou por ser uma experiência semelhante a ficar nu diante do outro. Moramos em cidades diferentes, mas aprendo mais sobre a arte da escrita com ele, seja através das trocas de mensagens pelo Facebook (o que me lembra de uma forma pós-moderna a troca de cartas entre escritores) e devorando seus livros, tentando captar suas essências.

"Difícil ficar falando sobre isso. Eu, falando sobre isso! Parece uma loucura - outro viés usado pelo personagem do livro - que se deixa conduzir por uma loucura-orientada!".

Ainda sobre o manuscrito, será interessante notar a pulsação da escrita por meio da caligrafia, seus rabiscos e diferentes ritmos. O material ainda traz algumas correções ortográficas; acréscimos de frases; alterações de palavras e algumas anotações, tudo isto feito por meio de canetas coloridas, permitindo que eu possa entender. Aliás, para quem se aventura pelo universo da criação literária não é nenhuma novidade que a primeira versão geralmente é escrita sem estas pausas para revisão, para que o texto possa fluir.

Que os escritores costumam ser perseguidos por seus personagens também não é novidade. Ao longo da leitura pretendo entender qual foi a necessidade de Nikov de se reconstruir. Ao mesmo tempo em que vou mergulhar no íntimo do autor, do personagem, também vou fazer uma viagem para o meu interior, pois esta é uma das marcas das narrativas do escritor, o de se conectar com o leitor através de uma dose de autoficção, memórias e possibilitar a reflexão sobre a vida, a ressignificação das coisas, a redescoberta.
Roberto Muniz Dias e seu moleskine. O material do seu novo romance foi escrito pela sua passagem na Europa, lugares em que o seu personagem Nikov viveu e buscou seu resgate. Foto: Acervo Pessoal.
Um trecho do manuscrito de “O branco se suja pelo esforço” / “Os feios sábios aos belos bobos” para instigar! Leia o primeiro parágrafo:

"Está viagem começou há 13 anos, mas nunca foi levada a cabo. Foi interrompida e agora reprogramada por diversas razões. A primeira foi, ou está sendo, pela confluência de oportunidades: estava com tempo livre, mais maduro para viajar sozinho. E, de certa forma, precisava de um disfarce, precisava sentir-me estrangeiro de mim mesmo. Finalmente, precisava de uma epifania!"

Ao entender o processo de Roberto, pretendo aprender mais sobre a minha própria escrita e ajudá-lo dando as minhas impressões sobre seu manuscrito. De todos os livros que já li dele, não houve um que não tenha me tocado de alguma maneira e é esta troca o ponto de maior interesse na minha leitura beta. Antes deste manuscrito, também tive a oportunidade de ler o romance A Teia de Germano do mesmo autor, porém o material já estava digitalizado, então, creio que desta vez, ao enxergar os movimentos da escrita, da revisão e da reescrita, poderei comparar com o meu próprio processo e melhoras os manuscritos dos meus romances.

Assim que eu concluir a leitura e análise do manuscrito, devo publicar aqui no blog como foi a experiência. De cara, posso adiantar uma coisa: serei um leitor suspeito, já que as narrativas do Roberto trazem uma dose envolvente de metalinguagem, e no processo de redescoberta do escritor e personagem, me vejo recolhendo os meus próprios fragmentos. Para quem não sabe, metade da experiência da leitura vem do autor e a outra do leitor. Com os textos do colega escritor, mais do que juntar as peças, ler as entrelinhas e encontrar o significado do texto, quando chego ao final sinto aquela sensação libertadora, catártica e a vontade de continuar escrevendo, porque juntos compartilhamos uma mesma coisa: o amor pelas letras!

Mais um trecho do manuscrito do novo livro:


Para conhecer um pouco mais sobre a carreira literária do escritor Roberto Muniz Dias, leia alguns dos posts publicados aqui no blog:

Resenha: Um Buquê Improvisado – Roberto Muniz Dias

Entrevista: Roberto Muniz Dias fala sobre sua escrita intuitiva, estilo reflexivo e livros publicados

Resenha: Errorragia – Roberto Muniz Dias

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