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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Leitura Beta: Expectativas sobre o manuscrito do novo livro do escritor Roberto Muniz Dias

Esta semana recebi o manuscrito do novo romance do escritor Roberto Muniz Dias, cujos títulos provisórios são “O branco se suja pelo esforço” ou “Os feios sábios aos belos bobos”. O material é uma cópia do moleskine escrito por ele durante sua viagem para Bruxelas, Paris e Londres.


O que é mais bacana nesta leitura beta do manuscrito do Roberto é a oportunidade, não só de ler em primeira mão o texto do seu possível novo livro, como a experiência de acompanhar o processo de criação literária de outro escritor, principalmente quando você admira suas narrativas. Ler um livro publicado, após uma série de processos, como reescrita, revisão e edição, certamente não é a mesma coisa do que ter acesso ao material cru.

Para quem gostou de Nikov, personagem presente no livro Adeus a Aleto (leia a resenha publicada no blog!), do escritor Roberto M. D., o novo material traz o russo de volta à vida.


“Houve o resgate do Nikov, como elemento condutor da história: uma obsessão, do personagem deste livro, por recriar um protótipo de perfeição, como se ele mesmo usa no livro, o seu Frankstein”, afirma Roberto. 

Minha leitura será, literalmente, do manuscrito. Antes mesmo de me aventurar pelas páginas do texto, tenho a certeza de que será uma aula prazerosa. Para nós, escritores, uma das melhores maneiras de se aprender a arte da ficção é por meio da leitura atenta de clássicos e contemporâneos, de acordo com seus gêneros, temáticas e estilos. Porém, ter contato com a primeira versão de um original (antes de sua publicação) de outro autor, esta será a minha primeira vez.

Por que fui escolhido pelo Roberto como leitor beta? Uma das respostas talvez seja a minha admiração pelo seu trabalho. Outra é a confiança. Afinal, não é qualquer escritor que deixa outro ler o seu manuscrito, seja pela autocrítica, pelo medo de ser plagiado (dificilmente alguém registra a primeira versão do original) ou por ser uma experiência semelhante a ficar nu diante do outro. Moramos em cidades diferentes, mas aprendo mais sobre a arte da escrita com ele, seja através das trocas de mensagens pelo Facebook (o que me lembra de uma forma pós-moderna a troca de cartas entre escritores) e devorando seus livros, tentando captar suas essências.

"Difícil ficar falando sobre isso. Eu, falando sobre isso! Parece uma loucura - outro viés usado pelo personagem do livro - que se deixa conduzir por uma loucura-orientada!".

Ainda sobre o manuscrito, será interessante notar a pulsação da escrita por meio da caligrafia, seus rabiscos e diferentes ritmos. O material ainda traz algumas correções ortográficas; acréscimos de frases; alterações de palavras e algumas anotações, tudo isto feito por meio de canetas coloridas, permitindo que eu possa entender. Aliás, para quem se aventura pelo universo da criação literária não é nenhuma novidade que a primeira versão geralmente é escrita sem estas pausas para revisão, para que o texto possa fluir.

Que os escritores costumam ser perseguidos por seus personagens também não é novidade. Ao longo da leitura pretendo entender qual foi a necessidade de Nikov de se reconstruir. Ao mesmo tempo em que vou mergulhar no íntimo do autor, do personagem, também vou fazer uma viagem para o meu interior, pois esta é uma das marcas das narrativas do escritor, o de se conectar com o leitor através de uma dose de autoficção, memórias e possibilitar a reflexão sobre a vida, a ressignificação das coisas, a redescoberta.
Roberto Muniz Dias e seu moleskine. O material do seu novo romance foi escrito pela sua passagem na Europa, lugares em que o seu personagem Nikov viveu e buscou seu resgate. Foto: Acervo Pessoal.
Um trecho do manuscrito de “O branco se suja pelo esforço” / “Os feios sábios aos belos bobos” para instigar! Leia o primeiro parágrafo:

"Está viagem começou há 13 anos, mas nunca foi levada a cabo. Foi interrompida e agora reprogramada por diversas razões. A primeira foi, ou está sendo, pela confluência de oportunidades: estava com tempo livre, mais maduro para viajar sozinho. E, de certa forma, precisava de um disfarce, precisava sentir-me estrangeiro de mim mesmo. Finalmente, precisava de uma epifania!"

Ao entender o processo de Roberto, pretendo aprender mais sobre a minha própria escrita e ajudá-lo dando as minhas impressões sobre seu manuscrito. De todos os livros que já li dele, não houve um que não tenha me tocado de alguma maneira e é esta troca o ponto de maior interesse na minha leitura beta. Antes deste manuscrito, também tive a oportunidade de ler o romance A Teia de Germano do mesmo autor, porém o material já estava digitalizado, então, creio que desta vez, ao enxergar os movimentos da escrita, da revisão e da reescrita, poderei comparar com o meu próprio processo e melhoras os manuscritos dos meus romances.

Assim que eu concluir a leitura e análise do manuscrito, devo publicar aqui no blog como foi a experiência. De cara, posso adiantar uma coisa: serei um leitor suspeito, já que as narrativas do Roberto trazem uma dose envolvente de metalinguagem, e no processo de redescoberta do escritor e personagem, me vejo recolhendo os meus próprios fragmentos. Para quem não sabe, metade da experiência da leitura vem do autor e a outra do leitor. Com os textos do colega escritor, mais do que juntar as peças, ler as entrelinhas e encontrar o significado do texto, quando chego ao final sinto aquela sensação libertadora, catártica e a vontade de continuar escrevendo, porque juntos compartilhamos uma mesma coisa: o amor pelas letras!

Mais um trecho do manuscrito do novo livro:


Para conhecer um pouco mais sobre a carreira literária do escritor Roberto Muniz Dias, leia alguns dos posts publicados aqui no blog:

Resenha: Um Buquê Improvisado – Roberto Muniz Dias

Entrevista: Roberto Muniz Dias fala sobre sua escrita intuitiva, estilo reflexivo e livros publicados

Resenha: Errorragia – Roberto Muniz Dias

Resenha: Urânios – Roberto Muniz Dias

Escritores Talentosos Revelados da Literatura LGBT

Resenha: A Teia de Germano – Roberto Muniz Dias

Heróis gays? Livro analisa histórias infantis abordando a sexualidade

Comentários

  1. Oiii Ben. uau, que legal ser leitor beta né?
    Eu recebi um de uma menina que acompanha o blog e também me senti assim. Honrada. Acredito que essa é a maior demonstração de confiança de um escritor. Entregar o manuscrito para alguém, demonstra que confiamos na pessoa e que sabemos que ela fará de tudo para melhorar o texto. Minha leitora beta é a minha irmã e mais recentemente, minha cunhada se uniu ao time =D
    E como você disse, acredito que ser leitor beta, também ajuda nós, os autores.
    Uma boa leitura para você =D
    Abraços
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Olá, Gih!
      É realmente uma honra, principalmente quando é de um escritor que você já tinha lido outros livros. Está sendo uma experiência interessante, aprender um pouco sobre como é o processo de criação dele, vendo a escolha das palavras, repetições, rabiscos e por aí vai...
      Quanto à leitura beta, recomendo que encontre leitores que não sejam tão próximos. Familiares e amigos costumam nos elogiar e é preciso certo distanciamento do livro para ter as impressões. Estou fazendo um curso de produção editorial, e percebi que a visão do editor é bem diferente da do escritor. A partir do momento em que o escritor se torna autor e o texto dele é entregue às mãos do editor, é como se o texto 'deixasse de ser do escritor'. E a partir deste distanciamento, o editor consegue analisar a narrativa, ver se a mensagem está correta, se a estrutura está boa e faz as correções ortográficas.
      Vou dar como um exemplo deste manuscrito do Roberto. Não somos amigos ao vivo. Mesmo morando longe e não tendo intimidade, sou um leitor beta suspeito, já que corro o risco de gostar, antes de mesmo de começar a leitura, por já estar familiarizado com o estilo dele. E neste ponto, o escritor precisa se perguntar: "Qual tipo de leitor quero alcançar?". O leitor-escritor é diferente do leitor de entretenimento, por exemplo.
      No entanto, entendo sua ressalva de ter leitores betas próximos. Eu mesmo ainda não procurei leitores betas para os meus manuscritos. Sou meio reservado neste aspecto.
      Abraços! E obrigado por mais um comentário.

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