Conectados, mas fora de sincronia. Era como os dois estavam. Não sabia como resolver a situação, antes que se tornassem dois completos estranhos. No meio de tantos ciclos terminando, tinha acreditado que um novo ciclo se manteria. As horas que passavam conversando se transformaram em minutos, e então, em segundos. Já sabia que isso ia acontecer e tentara antecipar o fim várias vezes, então por que estava tão incomodado? Sentia saudades e não sabia como verbalizar? Não importava. Foi deixando o outro cada vez mais livre, até que as mãos que um dia tinham se tocado se voltaram para os dedos que haviam deslizado pela última vez. Parte de seguir em frente era também como deixar as coisas irem, seguirem seu ciclo natural. Não adiantava criar qualquer forma artificial de manter o contato vivo, só precisava aceitar as coisas como elas eram. Cansado de aceitar que tudo tinha sua finitude, foi cada vez menos se abrindo a novos inícios – se todos estavam fadados ao fim, por que se dar ao tr...
No filme, Wendy quer participar de um concurso de roteiros e acaba fugindo da instituição em que vive para não perder o prazo.
Também tem a questão de que ela tem uma irmã mais velha que não sabe lidar com o autismo dela e acaba deixando ela na instituição, onde vivem outras pessoas no espectro.
O filme é maravilhoso por várias coisas:
1) Personagem autista mulher.
2) Roteirista: Muita gente acha que autistas não gostam de escrever, não tem imaginação etc.
3) Aborda a questão da autonomia, da rotina e da estimulação.
4) Wendy trabalha (mesmo sem gostar, ela precisa do dinheiro), ela vive num lar com outras pessoas e diariamente é estimulada.
5) Sonhos. Mesmo com as dificuldades, ela vai atrás do sonho dela de ver seu roteiro participando do concurso de roteiros de Star Trek (hiperfoco dela).
Quando falamos em intervenção, muita gente torce o nariz. Mesmo Aspergers podem precisar de estimulação/orientação, independente se têm inteligência média ou altas habilidades/superdotação.
Muita gente no espectro autista acha que não precisa de apoio e orientação, mas tem dificuldade com várias coisas no dia-a-dia: não quer estudar (evasão escolar), não consegue ser incluído no mercado de trabalho (preconceito da sociedade contra autistas e/ou falta da capacitação), tem dificuldade com amizades (o que pode levar à solidão e à depressão), dificuldades com relacionamentos amorosos, ingenuidade (vítima de pessoas mal-intencionadas), entre outras.
Não há nada de errado em pedir ajuda e/ou buscar entender melhor a si mesmo, suas limitações e facilidades.
Recomendo o filme Tudo Que Quero, pois ainda falta representatividade de meninas e mulheres no espectro autista no cinema. Também falta mais conscientização sobre a questão do diagnóstico, já que muitas meninas e mulheres aprendem a imitar não-autistas (neurotípicos), o que pode acabar atrapalhando esse processo, fazendo a pessoa ter vários diagnósticos errados, até conseguir o de autismo.
Embora nenhum personagem esteja lá para representar o autismo, já que é muito complexo, a equipe do filme fez um trabalho bacana e inclusive buscou orientações de especialistas para a composição da personagem.
Além de ser a protagonista do filme, Wendy luta para ser a protagonista da própria história. Mesmo com alguns problemas comportamentais e dificuldades com interações sociais, ela está disposta a mostrar para a irmã mais velha que mudou e que tem vontade de voltar a morar com ela e ser mais presente na vida da sobrinha.
Em um evento da ONU intitulado "Empoderamento de Mulheres e Garotas com Autismo", a atriz Dakota Fanning compartilhou o que ela aprendeu com a personagem autista. Para desenvolver a personagem, ela conversou com pessoas no espectro autista e familiares.
“Toda pessoa vivencia o autismo de forma diferente. Um grande ditado na comunidade autista é: 'Se você conheceu uma pessoa com autismo, você conheceu uma pessoa com autismo'. Todas dificuldades e desafios são individuais e específicos e todo mundo é diferente”– Dakota Fanning
Assista ao trailer de Tudo Que Quero (Please Stand By):
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*Ben Oliveira é escritor, blogueiro, jornalista por formação e Asperger. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1)e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.
Meu filho, de 15 anos é Asperger, e faz curso de teatro/tv . Já fez muitas peças e participou de testes para filmes. Acho super interessante se um dia ele pudesse representar num filme um indivíduo que te TEA no mundo que vivemos ou a sua própria história.
Meu filho, de 15 anos é Asperger, e faz curso de teatro/tv . Já fez muitas peças e participou de testes para filmes. Acho super interessante se um dia ele pudesse representar num filme um indivíduo que te TEA no mundo que vivemos ou a sua própria história.
ResponderExcluirOlá, Simone. Obrigado pelo comentário. Seria maravilhoso ver mais pessoas no espectro autista atuando.
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