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Mídias Sociais: Fake News sobre a vacina e a pandemia e os problemas de crenças que vão além do digital
As mídias sociais se mostraram muito importantes na pandemia, para ajudar a conectar pessoas nos períodos de isolamento, mas as cobranças sobre conteúdos de desinformação e fake news voltaram à tona. O problema não é atual, tampouco restrito à Covid-19, passando por diferentes assuntos, desde política, saúde até teorias de conspiração, porém, o país sede das empresas de tecnologia, Estados Unidos tem pagado um preço alto pela quantidade de pessoas que espalham informações falsas sobre as vacinas e milhares que não querem se vacinar ou respeitar as orientações sanitárias.
Não é novidade que os Estados Unidos tem um forte movimento antivacina. Porém, seria injusto dizer que o problema é específico de lá: a França também tem lidado com forte rejeição da população à vacina e protestado contra a obrigatoriedade da imunização contra Covid-19. Na Índia, o governo tentou limitar as reclamações da população nas mídias sociais relacionadas à gestão da pandemia e no Brasil, além do presidente Jair Bolsonaro ser um dos principais disseminadores de fake news, existem várias organizações, políticos e apoiadores que produzem conteúdo com desinformação sobre a pandemia e espalham pelas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Diante da necessidade de atitudes por partes das mídias sociais, existem usuários que quando publicam informações falsas em excesso são banidos e, em vez de reconhecerem o erro, se sentem como vítimas e alegam que são alvos de censura.
Embora as empresas de tecnologia têm feito declarações frequentes que estão fazendo o possível para remover contas inautênticas, limitar usuários que promovem desinformação e disponibilizado alertas com informações confiáveis sobre a Covid-19, especialistas, políticos e instituições não escondem o descontentamento com a quantidade massiva de fake news sobre a pandemia circulando nas redes sociais, gerando desconfiança sobre orientações sérias para conter o vírus, atrapalhando a vacinação e prolongando o problema.
O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden disse que a desinformação sobre vacinas nas mídias sociais está matando pessoas. Enquanto o país conseguiu reduzir bastante o número de mortes, muitos norte-americanos que estão morrendo da doença são pessoas que não querem se vacinar. Com o risco das variantes, colocando a vida de todos em perigo, a Casa Branca tem feito mais pressão sobre empresas, como Facebook, Twitter, YouTube e Instagram – vale lembrar que é mais complicado mensurar a quantidade de informações falsas que circulam por aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram.
Na Casa Branca, o médico e cirurgião-geral americano Vivek Murthy pediu para as mídias sociais impedirem a propagação de desinformação antivacina, pois está custando muitas vidas. “É doloroso para mim saber que quase todas as mortes que estamos vendo agora de COVID-19 poderiam ter sido evitadas. Digo isso como alguém que perdeu 10 membros da família para o COVID-19 e deseja a cada dia que eles tivessem tido a oportunidade de se vacinar”, declarou Vivek Murthy.
Enquanto milhões de pessoas do mundo estavam torcendo pela vacina, que já revelaram fundamentais para reduzir os riscos da doença e evitar mortes por Covid-19, a médica e cientista do CDC, Rochelle Walensky declarou sobre a situação dos Estados Unidos: "Há uma mensagem muito clara: isso está se tornando uma pandemia de não vacinados. Estamos vendo surtos de casos em partes do país que têm baixa cobertura de vacinação porque pessoas não vacinadas estão em risco”.
Em declaração, o Facebook revelou que mais de 18 milhões de posts com desinformação sobre a Covid já foram removidos. A situação sobre fake news e desinformação também se tornou um problema nos períodos de eleições e chegou a ser abordada no documentário O Dilema das Redes (The Social Dilemma), disponível na Netflix, lançado em 2020.
Assim como nos Estados Unidos, grande parte das pessoas que espalha informação falsa é formada por apoiadores do Donald Trump e republicanos, no Brasil, a política também tem relação tanto com atos antidemocráticos, como com desinformação sobre vacinas e a pandemia. Um dos focos da próxima fase da CPI da Pandemia será apurar essa relação entre desinformação nas redes sociais sobre o Covid-19 e representantes das mídias sociais podem ser convocados para prestar depoimentos sobre o que tem sido feito para combater fake news.
Embora no Brasil, houve um esforço de muitos brasileiros para desacreditar a importância da vacinação, como o próprio presidente Bolsonaro, uma pesquisa da Datafolha e pelas mídias sociais ficou claro que a população brasileira quer se proteger contra o vírus. É importante pontuar que muitas das ações de desinformação não são orgânicas, mas são pagas por quem contrata outras pessoas para espalhar fake news.
Nos Estados Unidos, a situação é ainda mais gritante: em Nashville, Tenesse, uma chefe de imunização foi demitida por encorajar a vacinação de adolescentes contra Covid-19. O caso mostra que o problema vai muito além das redes sociais e seria muito simplista botar toda culpa nas empresas de tecnologia. Sem definições claras por parte das mídias sociais, pessoas que estão sendo removidas tentam até mesmo processar as empresas.
Uma coisa é clara: sem campanhas de conscientização sobre vacinação, governos do mundo inteiro terão dificuldades de enfrentar a pandemia, não só por falta de informações ou por desinformação, mas porque as crenças de quem segue o movimento antivacina precisam de uma abordagem mais complexa para lidar.
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