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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Políticos usam Desinformação na Internet para atacar a Democracia e dão tiro no pé

Os tempos mudaram e as estratégias políticas para manipulação e tentativa de impor narrativas oficiais do governo também foram afetadas pelas mídias sociais. Se na série documental Como Se Tornar Um Tirano são abordados métodos tradicionais de políticos populistas que apostaram na tirania e controlam não só os meios de comunicação, como silenciam e eliminam seus opositores, atualmente, muitos políticos usam a internet com o mesmo propósito de causar medo na oposição, mas explorando as brechas da constituição para alimentar o caos por meio de fake news e ataques coordenados no ambiente digital, os quais geram consequências no ambiente real.

Com exceção de governos explicitamente autoritários que limitam completamente o que a população pode acessar ou não na internet, bem como monitoram de forma ativa os conteúdos publicados nas mídias sociais que são liberadas dentro do território nacional, países com mais liberdade como Brasil e Estados Unidos experimentam o lado bom, mas também o lado sombrio na hora de definir a liberdade de expressão, fazer a população entender os limites e impedir ações que possam colocar a vida coletiva em perigo, como desinformação sobre saúde pública em plena pandemia, discursos de ódio que podem levar a conflitos e extremismos e atos que ameaçam não só a democracia, como podem levar à violência e à morte, como aconteceu na Invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021.

O que foi alimentado pelos apoiadores de Donald Trump, após ele perder as eleições para Joe Biden e alegar que foram roubadas, se na internet já é algo que provoca incômodo por colocar em dúvida o sistema eleitoral e negar o processo democrático, fora do mundo digital, a mobilização foi capaz de causar pânico, violência e mortes. Além disso, alguns policiais que defenderam o Capitólio cometeram suicídio e mais de 600 manifestantes que invadiram o lugar foram acusados criminalmente. No dia 19 de junho de 2021 saiu a primeira sentença criminal relacionada ao caso e outros julgamentos ainda devem ocorrer.

Quando situações assim acontecem, talvez parte da população tenha ido consciente dos riscos que estava cometendo, mas não dá para negar que muita gente que é influenciada quase que em um nível hipnótico pelas informações falsas a ponto de acharem que não sofreriam nenhuma consequência. Um dos envolvidos na Invasão ao Capitólio, por exemplo, achou que Donald Trump seria capaz de tirá-lo da prisão, sendo que ele nem é presidente mais e não teria poder para tal.

Embora o Brasil não tenha tanta resistência às vacinas como acontece nos Estados Unidos e outros países pelo mundo que chegaram a organizar manifestações contrárias ao passaporte de vacinação e críticas ao uso de máscaras, parte dos políticos brasileiros fez parte de campanhas de desinformação, desde colocando em dúvida a eficácia das vacinas contra Covid-19 e defendendo tratamentos sem comprovação científica, até se posicionando contra o uso de máscaras, distanciamento social e lockdown.

A mesma desinformação que provoca o caos no ambiente digital e leva a comportamentos tóxicos nas redes sociais, também pode induzir a população a agir de forma irracional e violenta, como profissionais de saúde atacados por não receitarem remédios sem comprovação científica contra Covid-19, políticos criticados por defender medidas sanitárias indicadas por organizações mundiais de saúde e cidadãos e profissionais sendo atacados por pessoas que se recusam a usar máscaras, bem como são contrárias à vacinação obrigatória.

No dia 9 de setembro de 2021, semana em que várias pessoas foram às ruas durante atos do 7 de Setembro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso fez um pronunciamento bem didático sobre como a desinformação tem sido usada como estratégia para corrosão da democracia pelo mundo. Seu discurso foi uma resposta aos inúmeros comentários feitos por Jair Bolsonaro atacando o sistema eleitoral do Brasil.

“Já começa a ficar cansativo, no Brasil, ter que repetidamente desmentir falsidades, para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade. É muito triste o ponto a que chegamos”, afirmou Barroso, se referindo à estratégia adotada por alguns políticos como Bolsonaro e Trump, intitulada de pós-verdade, onde a população perde a noção do que é notícia verdadeira ou falsa.

Barroso comentou que a recessão democrática é influenciada por três fenômenos e que quando acontecem de forma simultânea podem trazer graves problemas para a democracia: populismo, extremismo e autoritarismo.

De forma bem simples para a população entender, ele comentou que muitos políticos tentam usar o carisma para conquistar a população, mas quando se veem diante dos problemas, procuram inimigos invisíveis para culpar, como a imprensa, os tribunais e o comunismo; por meio de estratégias de deixar a população inflamada, usa da intolerância, agressividade e ataque contra instituições e pessoas; por último, por meio do autoritarismo, muitos políticos tentam desacreditar o sistema eleitoral.

“A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. O que nos une na diferença é o respeito à Constituição, aos valores comuns que compartilhamos e que estão nela inscritos. A democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la”, justificou Barroso.

Essa discussão sobre como políticos e seus apoiadores usam a internet para produzir conteúdos com informações falsas e como isso repercute nas ruas está longe de chegar ao fim. A situação só tende a piorar com o desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas e recursos que facilitam a manipulação de vídeos, como os deepfake, já usados no país como entretenimento.

Um ótimo exemplo dos riscos da desinformação fora de controle e de como poder virar um tiro no pé, promovida por políticos quando atacam jornais tradicionais é que muitas pessoas perdem a noção sobre o que é verdadeiro ou não. Nesta semana do 7 de Setembro, vários caminhoneiros protestaram pelo Brasil e após ver a repercussão na economia, política e os riscos para a inflação, bem como mais partidos políticos se posicionado pelo impeachment, Bolsonaro pediu para os apoiadores liberarem as rodovias por meio de um áudio que foi compartilhado nos grupos bolsonaristas e muitos não acreditaram que o áudio era confiável.

Foi somente com as intervenções de outros políticos governistas e a confirmação do próprio presidente que as pessoas levaram a sério. Além disso, a polícia teve que agir em vários estados, já que além do risco de desabastecimento de alimentos e combustíveis, os protestos bloqueando rodovias também poderiam afetar a distribuição de vacinas contra Covid-19 e afetar ainda mais a imagem de Bolsonaro.

Para tentar atenuar os últimos discursos contra as eleições e os ministros do STF, no dia 9 de setembro de 2021, com o apoio do ex-presidente do Brasil, Michel Temer, Bolsonaro divulgou uma declaração à nação que, se por um lado agradou o mercado financeiro e os resultados foram vistos em questão de horas, por outro, desagradou os apoiadores mais radicais do presidente que não esperavam um discurso pacificador e alguns até mesmo o chamaram de covarde e traidor.

Assim como muitos políticos manipuladores apenderam na própria pele, chegará uma hora que Bolsonaro terá que encarar que não adianta fugir dos problemas reais e mirar em inimigos imaginários – uma estratégia que não se sustenta a longo prazo e mesmo para tiranos, muitas vezes, como diriam alguns: o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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