A linha era tênue entre a verdade e a autoficção, mas a literatura era um espaço para criar e não tinha compromisso com a realidade. Como tinta invisível, personagens às vezes se misturam e podem confundir. Um personagem pode ser vários e a graça não está em descobrir quem é quem, mas de aproveitar a leitura. Escrever em blog poderia não ser a mesma coisa do que escrever um livro de ficção ou de memórias, mas a verdade era que acabava servindo para as duas coisas. Às vezes o passado estava no passado. Às vezes o presente apontava para o futuro. Mas nunca dá para saber sobre quem se está escrevendo e há beleza nisso. A beleza de que personagens não eram pessoas, de que não precisava contar a verdade sempre, que às vezes quatro personagens poderiam se tornar um. Saber quem é quem parecia o menos importante, mas apreciar a beleza das entrelinhas. Ia escrevendo como uma forma de esvaziar a mente e o coração, sentindo o corpo mais leve. Escrevia e continuaria escrevendo sempre que sentisse ...
Autismo: Importância da leitura e das histórias para a compreensão social
Assim como acontecem com não-autistas, alguns autistas não gostam de livros de ficção. Porém, isso acontece devido às limitações com a Teoria da Mente* e alguns não veem 'utilidade em narrativas ficcionais', pensamento que pode limitar ainda mais a compreensão social.
*Temporariamente usada para explicar a dificuldade de autistas — lembrando que autistas com superdotação podem ter maior desenvolvimento da Teoria da Mente, por isso muitas vezes podem achar que eles 'não parecem autistas'.
Acredito que a leitura é uma ótima ferramenta para conhecer mais sobre a vida. Crianças autistas podem se beneficiar de histórias sociais: histórias que as ajudem a entender atividades, situações e contextos sociais. Como reagir em determinadas situações.
Livros ilustrados acabam sendo uma boa ferramenta para alguns autistas, mas vale lembrar que cada autista é diferente do outro. Alguns preferem imagens, outros, textos; outros podem preferir vídeos e áudios/narrativas orais.
Alguns dos propósitos das histórias sociais:
— Adaptação a novas rotinas e ambientes;
— Expressão de emoções e pensamentos;
— Entender comportamentos sociais esperados;
— Lidar com os medos;
— Preparar para situações estressantes.
Para adultos, além dos livros técnicos e biografias, a literatura pode ser beneficial na compreensão de contextos sociais e culturais. Quando temos uma bagagem de situações, fica mais fácil saber como reagir. A leitura também pode ser aliada na redução de preconceitos. Quando tentamos entender o ponto de vista dos outros, tendemos a ser mais coerentes.