Ancorar é encontrar um espaço seguro mesmo diante do caos. É ouvir uma música e se permitir encontrar paz, mesmo quando as coisas estão fora de controle. É pensar na sua pessoa favorita e sentir as emoções reguladas. É saber que você pode confiar em quem conversa o dia inteiro. É confiar que mesmo diante da ambiguidade, ele vai honrar a promessa que fizeram. É ressignificar o que antes poderia ser visto como algo preocupante e aceitar que era mais do que seus diagnósticos. Era saber que não havia melhor pessoa que o entendesse nos últimos tempos. Era brincar com as linhas e nossas indefinições. Era saber que de tanto ensaiar situações de possíveis crises, que ele saberia notar se algo estivesse diferente. Cada um dos seus sinais. Escrevia para lembrar e também para esquecer. Escrevia para lembrar dos ciclos fechados e agradecer o que estava aberto. Era entender o quanto estava sufocado e que, às vezes, um olhar certo bastava. Escrevia para aceitar que as coisas poderiam mudar. Que em u...
O universo do autismo está repleto de mentiras, estereótipos, mitos e preconceitos. Nessas horas, além de sempre recomendar questionar as informações (nenhum autista é igual ao outro, ainda que no mesmo ‘grau’ – o espectro não é linear, por exemplo, dois Aspergers podem ser completamente diferentes; os sistemas classificatórios estão ultrapassados, pois não levam em conta que as habilidades e deficiências podem ser completamente diferentes e deixam milhares de diagnósticos passarem batidos; milhares de autistas que não sabem que são autistas), também recomendo a leitura. Temple Grandin tem uma mente genial e seu pensamento visual é fascinante.
Para contextualizar um pouco, as diferenças entre autistas também influenciam nas diferenças de associações. Durante muitos anos, a cor azul e o quebra-cabeça foram adotados para falar de autismo; as novas associações (formadas por autistas e simpatizantes) adotaram o vermelho e o espectro colorido.
“Pessoas autistas não vivem em 'outro mundo' Este é o problema. Elas vivem NESTE mundo Um mundo que as silencia Um mundo que fala sobre elas Um mundo pouco disposto a acomodar suas necessidades. Um mundo que não os aceita como são”– Autistic (Twitter)
Muitos mitos já foram derrubados há anos, mas continuam sendo espalhados... vacina não causa autismo! Ninguém se torna autista por falta de cuidado dos pais; autismo não é doença (logo, não existe cura) – o que não quer dizer que o autista não possa desenvolver habilidades; temos voz e podemos usá-la (quantas vezes você leu um texto escrito por um autista?).
Mesmo autistas não-verbais, em alguns países, encontram formas de comunicação alternativas para terem seus direitos respeitados; Tratamentos sem comprovação científica podem ser perigosos, afinal, cada autista é diferente e acontecem muitos casos de envenenamento e/ou desenvolvimento de doenças por causa disso.
Coisas que as pessoas não sabem sobre o preconceito: antigamente, autistas eram internados contra a vontade e afastados dos pais; pelo componente genético, alguns autistas escutam que é melhor não ter filho (Eugenia) e, diariamente, coisas que fazem mal para autistas (que podem variar completamente) são vistas como frescura ou birra por não-autistas, como barulho e luz.
Enfim, estudar autismo se tornou um hiperfoco temporário, poderia falar e falar e ainda não seria suficiente para descrever os absurdos que leio diariamente.
*No momento, estou lendo O Cérebro Autista, escrito por Temple Grandin e Richard Panek. No Brasil, o livro foi publicado pela Editora Record, com tradução de Cristina Cavalcanti. Dependendo da minha experiência de leitura, em breve devo indicar o livro no blog. Para quem quiser comprar o livro: https://amzn.to/2xZGUUU
*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.