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Resenha: Tempo de Cura – Monja Coen

O livro Tempo de Cura , da autora Monja Coen , está repleto de reflexões e foi escrito no período da Pandemia de Covid-19, no período em que o Brasil e o resto do mundo estava lidando com questões como o isolamento social e o uso de máscaras respiratórias, bem como com pessoas que se negavam a seguir as orientações de saúde pública. O livro foi publicado pela editora Academia , em 2021. Compre o livro: https://amzn.to/3PiBtFO Em um período difícil, no qual as pessoas tiveram que lidar com a solidão, doenças e mortes, o livro escrito pela Monja Coen serviu como bálsamo para acalmar os corações e mentes – e pode ser lido até nos dias atuais, pois nunca estamos completamente imunes a passar por uma próxima pandemia e a doença permanece causando impactos para a saúde da população.  Compartilhando suas primeiras experiências com o zen e a meditação, Monja Coen é certeira em falar sobre a importância da paz e da cura e da preocupação com o bem-estar coletivo, dando como exemplo as orientaçõe

Impeachment: Com fake news, mentiras e ataques, Jair Bolsonaro traça o seu destino

Com quantos pedidos de impeachment se faz um impeachment? Para entender melhor sobre o assunto, no momento em que escrevo o texto, estou lendo o livro Como Remover Um Presidente: Teoria, história e prática do impeachment no Brasil, escrito pelo Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP. 

Quer entender melhor sobre impeachment no Brasil? Compre o livro Como Remover Um Presidente (Rafael Mafei): https://amzn.to/3BjBssR

Se há quem diga que o impeachment foi banalizado no Brasil, pela história de outros presidentes que já sofreram pelo processo, o que fica evidente é que se há um presidente que merece é Jair Messias Bolsonaro. Porém, como Rafael Mafei lembra no livro, não basta que haja rejeição por parte da população, já que é necessário também uma mobilização política e fundamentos jurídicos.

Mesmo antes de ter sido eleito presidente, Jair Bolsonaro já era verborrágico e destilava preconceitos por onde passava – recentemente se envolveu em caso de racismo. No cargo de maior importância no Brasil, muitos esperavam que ele mudasse sua postura, mas não foi o que aconteceu. Somando-se a isso, seus comentários imprudentes e antiéticos em plena pandemia, bem como investigações das ações e omissões de enfrentamento à Covid-19 estão desgastando ainda mais sua imagem, que nunca foi das melhores.

Com mais de 2 anos e meio no poder, Bolsonaro acumulou uma série de escândalos. Enquanto alguns dos seus apoiadores tentam dizer que é culpa da imprensa, quem profere os discursos e transmite em lives, muitas vezes, é o próprio Bolsonaro. Além de ter perdido muitos eleitores, o uso de fake news, mentiras e ataques têm feito aliados se transformarem em opositores, como o mais recente caso em que o vice-presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Marcelo Ramos foi descrito como insignificante.

Após os ataques de Bolsonaro, Marcelo Ramos disse que o presidente terceiriza responsabilidades, em uma tentativa de se proteger e proteger aos seus filhos que também são políticos. Ele também pediu requerimento de acesso aos 127 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro ao Presidente da Câmara, Arthur Lira. Segundo Ramos, a intenção é a de verificar se há fundamentação jurídica dos pedidos e elementos de que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade.

Com mais uma manifestação nas ruas marcada para o dia 24 de Julho de 2021, na qual os participantes pedem pelo impeachment, não há dúvidas de que em relação ao ano passado, a insatisfação em relação ao governo Bolsonaro está bem maior. Além disso, há uma grande parcela da população que não vai às ruas por divergências políticas de quem está organizando e está se organizando para sua manifestação no dia 12 de Setembro de 2021.

A insatisfação contra Bolsonaro reúne pessoas, políticos e jornalistas de esquerda à direita. Em entrevista ao Conversa com Bial, o jornalista Boris Casoy criticou os discursos negacionistas do Bolsonaro na pandemia: “Eu não perdoo Bolsonaro. Ele pode ter as virtudes que tiver, mas isso anula as virtudes. Ser contra a vacina. Não tem ainda a vacina contra a burrice, mas vai surgir. Aí vem o presidente da república e combate a vacina. O Brasil demorou muito para começar a vacina”.

Jornais que antes publicavam timidamente sobre a rejeição ao Bolsonaro, passaram a escrever editoriais reforçando a importância da defesa da democracia e da abertura do processo de impeachment do Bolsonaro, diante das ameaças de que não teríamos eleições em 2022 ou de que ele não aceitaria os resultados se não fosse aprovado o voto impresso. No cenário internacional, há mais de um ano a imprensa tem alertado sobre os riscos de Bolsonaro no poder, desde questões como o desmatamento até sobre os ataques aos jornalistas.

Se você for analisar o histórico dos outros presidentes que o Brasil já teve, fica muito claro que se houver impeachment do Bolsonaro não é por banalização: ele cruzou, cruza e cruzará todas linhas que for possível, atacando até mesmo instituições.

Mesmo após ter sido alertado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, sobre a necessidade de moderar os discursos e respeitar os diferentes poderes, bastaram alguns dias para Jair Bolsonaro voltar a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, alegando que os parlamentares que mudaram de opinião sobre o voto impresso foram influenciados por ele. No dia 9 de julho de 2021, Bolsonaro chegou a chamar Barroso de imbecil.

Após alegações de fraudes nas eleições anteriores, o Tribunal Superior Eleitoral chegou a lembrar que atentar contra a democracia, impedindo as eleições é crime de responsabilidade e também pediu para que as provas fossem apresentadas. Bolsonaro insiste na narrativa de que tem como provar, mesmo o próprio Aécio Neves tendo admitido que perdeu as eleições de forma limpa e nenhuma prova de fraude foi identificada. 

Desde 1996, as urnas eletrônicas foram adotadas no Brasil e até o momento nenhuma ocorrência de fraude foi registrada. Nas eleições de 2018, inúmeras fake news foram compartilhadas de que pessoas não estavam conseguindo votar. Algum tempo após, investigações encontraram que alguns dos filhos de Bolsonaro estavam envolvidos não só com o compartilhamento de notícias falsas e uso de bots nas redes sociais, como também com ataques coordenados aos jornalistas e políticos opositores.

Com as mídias sociais e jornais online, a situação para Bolsonaro só fica pior. Basta uma rápida pesquisa no Google para encontrar vários discursos problemáticos e escândalos. Nas últimas semanas, ele começou a atacar os senadores da CPI da Pandemia: Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues, os descrevendo como os três patetas. Conforme as investigações da CPI avançam, fica evidente o desespero não só de Bolsonaro, como de seus aliados, já que há indícios de corrupção no Ministério da Saúde – bandeira que ele tentou levantar quando se elegeu, de que no seu governo não teria corrupção no Brasil.

Se uma CPI mostrando o tráfico de influência e relação entre PC Farias e Fernando Collor de Mello foi uma das principais causas do impeachment do ex-presidente do Brasil em 1992, o que esperar da CPI da Pandemia que está se desdobrando em vários núcleos temáticos e descoberto questões que são vistas com horror no cenário internacional? 

Imunidade de rebanho sem vacinação, tratamentos sem comprovação científica, atraso na compra de vacinas, contratos irregulares de vacinas com indícios de propinas, financiamento de publicidade para remédios sem comprovação científica contra Covid-19, entre outras descobertas que ainda devem vir à tona, conforme a CPI da Pandemia investiga os arquivos das quebras de sigilo e se prepara para selecionar os próximos convocados a depor. 

Com o recesso das sessões da CPI da Pandemia, Bolsonaro ganhou um descanso parcial: informações das investigações estão chegando gradualmente à imprensa nacional e revelando o que já foi descoberto e quais serão os próximos passos.

Somando as manifestações na rua e os indícios de crimes cometidos pelo governo Bolsonaro, só faltará a mobilização política para que o impeachment se concretize. Com a proximidade das Eleições 2022, muitos estão tentando afastar sua imagem previamente vinculada ao Bolsonaro, sabendo que isso pode atrapalhar suas próprias eleições e partidos e da gravidade de se silenciar diante de esquemas de corrupção da saúde em plena pandemia.

Diante dos horrores cometidos na pandemia pela gestão de Jair Bolsonaro, ele chegou a mentir no dia 19 de julho de 2021 que o Brasil foi um dos cinco países que melhor se comportou na pandemia, mas está longe de ser a verdade, inclusive foi bastante criticado por órgãos internacionais e levou a muitos governos a impedirem a entrada de brasileiros por medo da Covid-19.

A senadora Simone Tebet disse que um impeachment se faz da “tempestade perfeita”. Embora Bolsonaro tente ganhar tempo se blindando e se envolvendo em mais escândalos em vez de deixar a poeira baixar, seja por impeachment, renúncia ou não reeleição, o Brasil talvez ache um remédio para curar sua democracia.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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