Reaprender a aproveitar os dias de calma. Ocupar a mente com coisas boas. Ter confiança de que nem tudo precisa se repetir, que a ansiedade pode ser muito mais do que um incômodo, mas conduzir para o caminho errado. Estar no escuro e estar cercado de alarmes podem ser terríveis. É preciso uma dose de equilíbrio para que os dias voltem a se tornar leves. Às vezes, o viés pode atrapalhar. Os padrões podem dar falsos positivos. É preciso paciência para identificar as coisas como elas são e não enxergar um padrão em tudo. Muitas vezes, é somente com uma rede de apoio que descansar se torna possível. Não ficar ansioso o tempo inteiro e criando cenários catastróficos também faz parte do tratamento. Deixar as coisas fluírem e abrir mão do controle total. É somente ao abrir mão do controle que é possível respirar com calma. É somente quando se está seguro que é possível manter vínculos saudáveis. É somente ao aceitar que o excesso de controle era pior do que não ter qualquer control...
A Diferença Invisível: Tirinha sobre Síndrome de Asperger e o preconceito
A descoberta tardia da Síndrome de Asperger envolve quebrar uma série de preconceitos, especialmente da classe médica, psicólogos e profissionais da saúde desatualizados. Embora a história seja ambientada na França, país com histórico de problemas em relação ao autismo, a realidade do Brasil não fica tão atrás.
No livro A Diferença Invisível, inspirado na história real de Julie Dachez, a personagem Marguerite lida com o preconceito de todos cantos e encontra aceitação dentro da comunidade Aspie.
Embora a inclusão de Síndrome de Asperger no Transtorno do Espectro Autista possa ter facilitado na garantia de direitos, do ponto de vista de diagnósticos o problema ainda permanece. Profissionais que esquecem que autistas podem ser completamente diferentes e dois Aspergers podem ser distintos.
Imagem da graphic novel A Diferença Invisível, das autoras Julie Dachez e Mademoiselle Caroline, publicada no Brasil pela Editora Nemo.
Indicação de leitura para quem quiser entender sobre os desafios do diagnóstico tardio na fase adulta, o despreparo da área da saúde e como as pessoas se revelam preconceituosas sobre o que elas desconhecem.
Sinopse: Marguerite tem 27 anos, e aparentemente nada a diferencia das outras pessoas. É bonita, vivaz e inteligente. Trabalha numa grande empresa e vive com o namorado. No entanto, ela é diferente. Marguerite se sente deslocada e luta todos os dias para manter as aparências. Seus movimentos são repetitivos e seu universo precisa ser um casulo. Ela se sente assolada pelos ruídos e pelo falatório incessante dos colegas. Cansada dessa situação, ela irá ao encontro de si mesma e descobrirá que é autista – tem a Síndrome de Asperger . Sua vida a partir daí se transformará profundamente.
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Já indiquei várias vezes. É uma das melhoras leituras sobre descoberta tardia de autismo (fase adulta). Mostra os perrengues e os preconceitos de todos lados: amigos, médicos e profissionais de saúde, namoro etc. Poucos materiais abordam o autismo na fase adulta, especialmente a dificuldade de conseguir diagnóstico formal. Muitos aspies do mundo inteiro se contentam com o autodiagnóstico por causa da falha e despreparo profissional sobre Transtorno do Espectro Autista.
*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.